27 de março de 2018

A RÚSSIA DE PUTIN

A Rússia tem mais veneno que democracia. Os russos sempre foram um povo bélico. A história da Rússia, especialmente no último milênio, demonstra a necessidade de regimes fortes, de comando único e apoiado pela força das armas. Com esta receita os Romanov reinaram 300 anos. Catarina, a grande, flertou com o ILUMINISMO e chegou a acolher o filosofo francês Voltaire, com vagas intenções de introduzir as ideias humanistas em seu reino. Logo abandonou seu intuito convencida que aqueles ideais a destruiriam. A Rússia nunca abandonou seus ímpetos de expansionismo. Seja no passado ou agora, no presente. Sob regime dos bárbaros, dos Czares ou do comunismo. Basta ler sobre as inúmeras guerras por defesa de território ou por desejo de expansão, como na Síria atual. E as cortes russas sempre mataram muito. Especialmente por envenenamento. Busquem Rasputin. É uma tradição, assim como a vodca
    1. Agora, em pleno século XXI o povo russo coroa mais um CZAR. O Putin. Nada garante que sem ele o território russo estaria unificado. Nem tão pouco manteria unida sua diversificada e complexa etnia. Nós, latinos, temos o bolivarianismo sob vários figurinos e cores em cada país. Na federação russa reina uma democracia peculiar e única adaptada sob medida para cada unidade. Lembrando que o capitalismo também sofreu uma adaptação peculiar para reinar sob esse guarda chuva putiniano. Como a corte dos czares, a Rússia de hoje elege aqueles que serão os grandes empresários de sua economia. E aquele que sai fora do script, morre em circunstâncias misteriosas.
  • O suposto envenenamento na cidade inglesa de Salisbury do ex-espião russo Sergei Skripal, 66, e sua filha de 33 anos Yula Skripal, seguem hospitalizados em estado grave. Este envenenamento lembra os muitos outros com vários exilados russos mortos na Inglaterra nos últimos anos. Do ex- espião Alexander Litvinenko, aos oligarcas Boris Berezovski e Alexander Perepilitchny encabeçam a lista de mais de uma dezena de mortes suspeitas de russo exilados no Reino Unido. O primeiro deles foi há 30 anos. No aeroporto de Heathrow, em Londres, o espião búlgaro Gueorgui Markov recebeu uma picada mortal disparada de um guarda chuva com uma agulha envenenada preparada pelo então KGB, a polícia política soviética. Putin está no Poder há vinte anos. No exterior, inimigos seus costumam perecerem ora enforcados, ora envenenados e todos em circunstâncias suspeitas. Mesmo em território russo seus rastros foram detectados no envenenamento do primeiro ministro da Ucrânia Victor Yushchenko, ainda vivo após 24 cirurgias. O atual Ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johson diz sem papas na língua:
    - A cadeia de comando desses crimes vai até o Estado Russo.


Impressiona em todos os casos a postura tolerante dos diversos governos ingleses. Os russos vêm agindo em seu território, dizimando inimigos, faz muito tempo. Só agora, nesse último caso, a ministra Teresa May agiu com firmeza expulsando, imediatamente, cerca de 23 diplomatas. Pego com as calças nas mãos o governo russo pediu amostras do veneno encontrado nos corpos para comparar com seus arsenais. Uma saída meramente protocolar para mostrar interesse longínquo na elucidação. Puro faz de conta.

Esses episódios em território inglês servem também de alerta para o mundo. Em 20 anos de poder Putin moldou o império russo à sua imagem e semelhança. Sua audácia impressiona. Seja eliminando inimigos em território estrangeiros ou em territórios russo e modelando as urnas de acordo com seu interesse ele se prepara para o bote no mundo. Merece a leitura, com atenção, o livro AS ENTREVISTAS DE PUTIN, lançado no Brasil ano passado pela Editora Best Seller, em todas as livrarias. A edição é o resultado de uma série de entrevistas realizadas pelo cineasta Oliver Stone e que deram origem a um documentário com o mesmo nome.

Fica claro na leitura do livro o papel de franco colaborador do cineasta. Em alguns trechos o próprio Putin o repreende e o chama de antiamericano. É tal o empenho na bajulação que em determinados trechos, mas parece um agente oficial russo entrevistando o chefe. Mesmo assim, quem tiver a paciência de romper suas 333 páginas vai se deparar com um farto material para análise das ambições e desejos do agente secreto que virou Czar da Rússia. Fica claro também que a edição das entrevistas passou pelo crivo do corpo diplomático russo e outras esferas da administração tal o cuidado nas colocações e raciocínios emitidos sobre assuntos delicados. Na mesma intensidade que Stone o bajula o livro revela o aparato do Estado Russo perfeitamente afinado com a era putiniana.

É verdade que não reina nenhum sinal de qualquer ranço comunista no perfil do líder russo. No entanto sobram evidencias de ambições politicas assim como borbulham arrogância e desprezo no julgamento do ocidente sobre seus atos. A desenvoltura com que atuam agentes secretos a serviço do Kremlin nas ruas de Londres indicam laços secretos e fortes com o Serviço Secreto Inglês. No livro ficou faltando ao cineasta Stone a veia de jornalista. O leitor ficaria muito mais satisfeito em ter um esclarecimento mais profundo e detalhado da fuga do funcionário do Pentágono, Edward Snowdem para Moscou, assunto sobre o qual as explicações de Putin, no livro, não convencem. A conclusão ao final da leitura é cristalina: Putin possui fortes aliados em sua cruzada para dominar o mundo. Oliver Stone é um dos seus generais.

1 de março de 2018

RIO DE JANEIRO E DE GUERRA


Comprar celular roubado, negociar o preço livremente na Avenida Brasil, umas das principais artérias viárias da cidade, em seus engarrafamentos, é um ato normal. Não há repressão. Se isso escandaliza tem mais: as feiras de produtos roubados proliferam. Parece uma cidade sem Lei. A feira de Acari, no bairro do mesmo nome, zona norte da Cidade, famosa por revender peças automobilísticas de carros roubados vai de vento em popa. Assaltos a caminhões de cargas, também na avenida Brasil, são diários e múltiplos. Há uma predileção dos bandidos pelas cargas de carnes. São aquelas em que o produto do roubo é vendido rapidamente.  Pontos de venda funcionam, " organizados ". Dos maiores, um está no bairro de Guadalupe também na Zona Norte, margeando a própria avenida Brasil, atrás do antigo depósito das organizações Sendas. O outro está num dos pontos mais movimentados do Centro da Cidade: atrás da Central do Brasil, onde próximo funciona a sede da Polícia. Isso sem contar os receptadores que devem existir aos milhares.


                 Arrastões são diários e em diversos lugares. Na avenida Marechal Rondon outra artéria urbana importante que liga a Zona Norte ao Centro tem períodos que são diários. E muita pouca gente vai se queixar na Polícia. Parece que o carioca já se acostumou com essa aberração. É a naturalização da violência. No outro lado da moeda está a propagação da violência manifestada em balas perdidas ou certeiras que ferem, mais das vezes de morte, crianças e adultos e uma dezena de policiais por mês. Com salários irrisórios se comparados às suas tarefas, a polícia sucumbe indefesa diante do arsenal de guerra dos bandidos. Suas armas estão superadas, são falhas e sem manutenção. Policiais já morreram em confronto por falhas do armamento. E se não basta, resta o cipoal legislativo, incompreensível, inadmissível e que faz a Justiça ser diligente e parecer leniente com a bandidagem. Nas televisões proliferam opiniões de toda sorte de “especialistas” com suas análises elaboradas para colocar bandidos como vítimas sociais. Horda de advogados se assanham inconformados pela possibilidade de perderem a imensa clientela no meio da bandidagem. E os políticos. São inúmeros os que se elegem com o apoio de vagabundos, assaltantes e facínoras. E contam com os votos de suas famílias também. Leia artigo sobre natalidade no Brasil:

https://aleluiaecia.blogspot.com.br/2014/07/natalidade-no-brasil-ii.html

                Como diz a jornaleira da minha rua: 

- No Rio de Janeiro as comunidades (um eufemismo imposto pelos bandidos para definir as favelas) em sua maioria vive de arrumação. 

                Por arrumação se entende toda a sorte de pequenos e grandes delitos. Vai de assaltos, arrastões, revenda de material roubado, furtos e outras transgressões. Esse bloco age sem repressão. Além de ser difícil o seu combate, propaga a violência. Nos morros e favelas impera a lei da guerra. Nas redes sociais proliferam vídeos de atos de quadrilhas com ferocidade comparável ao Estado Islâmico. Menores de idade, protegidos pela legislação, exibem todo tipo de arma. Reina a exaltação da brutalidade. A mídia clama por mais eficiência da polícia. Esta exerce suas funções com salários atrasados, armamentos superados e frota sucateada. É comum turistas desistirem de queixas diante da falta de equipamentos para registros nas Delegacias. A violência e o inusitado toma conta da vida dos cariocas. Um aplicativo para indicar a existência de tiroteios faz um enorme sucesso. ONDE TEM TIROTEIO.OIT- RJ. Registra um tiroteio a cada duas horas.


                A população do Estado do Rio de Janeiro precisa se conscientizar que não é apenas vítima da violência. É parte dela. Ativa e passiva. No metrô da cidade está cheio de avisos solicitando aos passageiros que não comprem mercadorias de ambulantes. Alerta que uma das razões é que o produto pode ter sido roubado. Quem compra mercadoria roubada está participando do crime. Este é o retrato, pequeno, da realidade que o Exército vai enfrentar.