12 de agosto de 2011

RUMO AO FUTURO

A tecnologia de comunicações e computação avança numa rapidez tão grande que torna difícil para os usuários comuns acompanhar e assimilar na mesma velocidade, exceto para os especialistas do setor. Todos os caminhos buscam a viabilização de um modelo baseado em serviços públicos, para tornar a vida de empresas e pessoas, melhor. Como escreveu Nicholas Carr em seu livro A GRANDE MUDANÇA (Editora Landscape) “assim que a computação como serviço público amadurecer, a ideia de livrar-se de seu PC pessoal vai se tornar muito mais atraente”. Isso já acontece na Índia, através de um sistema instalado por um nome prosaico e apropriado para a cultura local: o CLIENTE MAGRO.

Nem eu e nem você jamais ousamos pensar em tal hipótese. E esta nos parece tão remota quanto a distância do sol. Mas estamos redondamente enganados. Esse dia se aproxima numa rapidez impressionante através da virtualização. Em sua avaliação ela já superou a barreira entre software e hardware que tornava a computação cliente-servidor ineficiente e complicada. Para ilustrar sua convicção lembra que a virtualização não é tão complicada quanto parece, mas apenas um termo polissilábico como tantos outros na ciência da computação. Argumenta mais, trazendo um exemplo cristalino, esclarecedor:

- Pense na maneira pela qual a secretária eletrônica mudou ao longo dos anos. Estreou como uma máquina independente e pesadona que gravava a voz sob a forma de sinais analógicos nas bobinas da fita. Mas à medida que os chips dos computadores foram aperfeiçoando-se, a secretária eletrônica transformou-se em uma minúscula caixinha digital, em geral acoplada ao telefone. As mensagens não eram gravadas em uma fita, e sim armazenadas como séries de bits binários na memória do aparelho. Mas depois que essa máquina tornou-se completamente digitalizada, nem precisava mais ser máquina. Todas as suas funções podiam ser duplicadas por meio de um código de software. E foi exatamente o que aconteceu. A caixa desapareceu. A máquina física tornou-se uma máquina virtual, puro e simples software, rodando em algum lugar da rede telefônica da empresa ou da casa. Você já teve de comprar uma secretária eletrônica. Agora você pode pagar por um serviço de secretária eletrônica. Essa é a essência da virtualização.

Mais límpido e claro que isso impossível. Estamos na era da virtualização e é por aí que navegamos para ver a internet um serviço público. Carr aponta o caminho do futuro lembrando que “como todos os componentes dos sistemas de computação, dos microprocessadores aos drives de armazenamento, passando por mecanismos para utilização de redes como roteadores, barreiras de proteção (firewalls) e balanceadores de carga, operam digitalmente, eles também podem ser substituídos por software. Podem ser virtualizados.

- Os sistemas virtualizados compartilhados por muitas empresas costumam ser chamados pelos profissionais da computação de “sistemas de múltiplos usuários”. O nome sugere uma metáfora que revela uma diferençafundamental entre o modelo cliente-servidor e o da computação como serviço público. Quando você instala um novo sistema no modelo cliente servidor, tem de construir o equivalente, digamos, de um prédio de quatro andares. Mas o prédio acaba sendo ocupado só por um único inquilino ou usuário. A maior parte do espaço é desperdiçada. Com o uso da virtualização do modelo serviço público, esse prédio pode ser dividido em apartamentos que por sua vez podem ser alugados a dezenas de usuários e cada um deles pode fazer o que bem entender dentro das paredes de seu apartamento. Mas todos eles utilizam igualmente a infraestrutura física do prédio e desfrutam as economias resultantes disso.

Todo esse futuro passa pela espinha dorsal desse novo sistema que é a NUVEM. Já vimos que através dela é possível a criação de grandes centros de dados, virtuais, onde o computador e seus componentes se inserem como um centro de dados virtual, completo, compreendendo computação armazenamento e atuação em rede. E este centro poderá ser reduzido e armazenado num único arquivo digital. A automação e o gerenciamento levam a sistemas que barateiam custos. Uma única pessoa poderia administrar todo o funcionamento do sistema de computação de uma grande empresa sentado em frente a um PC.

Sintético, Carr afirma que usando esses serviços, uma companhia pode acessar um site da Web ou rodar um software empresarial e até mesmo fazer funcionar toda uma empresa na Internet sem ter de investir em computadores do tipo servidor, sistemas de armazenamento ou programa afins. Recorda-o que isso já faz a Amazon sem nenhum custo antecipado. Uma empresa só paga pela capacidade que usa, quando usa. E ela estará alugando um sistema moderníssimo destinado à moderna computação via Internet, oferecendo grande confiabilidade, tempos de espera diminuto e flexibilidade necessária para enfrentar flutuação no trânsito da rede. Atesta ainda que qualquer empresa pode colocar seu “automóvel” na carreta computação que a Amazon levou anos para montar e aperfeiçoar.

Com muita propriedade ele aprofunda observando que na versão mais radical da computação como serviço público existente hoje, o serviço substitui inteiramente o computador. Diz que tudo que uma pessoa faz com um PC, de armazenar arquivos a rodar aplicativos, é fornecido por uma rede de computadores. Tornado obsoleto, o PC tradicional é substituído por um simples terminal, o “Cliente Magro”, que é pouco mais que um monitor conectado à Internet. Mas o que é um Cliente Magro? Afirma que eles estão por aí há anos e cada vez mais populares no mercado empresarial e suas vendas suplantam a de PCs.

As empresas descobriram que as máquinas virtuais são perfeitas para funcionários com tarefas muito bem definidas, como representantes que prestam serviços ao consumidor, quem trabalha com reservas de passagens e caixas de banco, tarefas que geralmente um, ou alguns softwares resolvem. Para elas não se faz necessário computadores multiuso. Ao fornecer os aplicativos e os dados por meio de uma rede, as empresas podem evitar a maior parte dos custos de manutenção e outros associados aos PCs tradicionais e a seus softwares complicados.

Para concluir ele recorda que na Índia, por exemplo, uma companhia chamada NOVATIUM está tendo muito sucesso oferecendo computação pessoal como um serviço público simples. Seus consumidores recebem um CLIENTE MAGRO (uma tela, um monitor) chamado Nova netPC, bem como uma série de software. Todos fornecidos por suas companhias telefônicas locais e pagos por uma assinatura cobrada na conta telefônica. Como fazemos com a banda larga. As assinaturas telefônicas residenciais também recebem uma hora de acesso grátis à Internet, por dia. As assinaturas de escolas e empresas têm vários softwares adicionais e opções de Internet a escolher, com preços diferentes. Além de evitar o custo de aquisição de um PC, os consumidores também evitam todas as dores de cabeça que acompanham a posse de um micro, de instalar e fazer upgrade de programas às questões complicadas de combate aos vírus.

O próximo passo será a viabilização do “cliente magro” ser ligado à tomada da rede elétrica, tal qual fazemos com inúmeros aparelhos elétricos. E só esperar para ver. Em vinte anos, ou menos, o computador pessoal será uma peça de museu, e como diz Carr, será apenas uma lembrança dos tempos de uma época curiosa em que todos nós éramos obrigados a ser técnicos amadores em computação. Como as máquinas de escrever.

Nicholas Carr ousa mais ao afirmar que algumas das companhias da velha uarda conseguirão passar para o novo modelo de informática, outras não. Aconselha que todas elas fariam muito bem em estudar os exemplos da General Eletric e da Westinghouse. Há cem anos, lembra, ambas as companhias estavam ganhando rios de dinheiro vendendo componentes e sistemas para produção de eletricidade e empresas individuais. Esse ramo desapareceu quando as grandes empresas de serviços públicos assumiram o fornecimento de energia elétrica. As duas conseguiram reinventar-se e aí estão até hoje. Finalizando ele diz que a época de Gates e de outros grandes criadores de softwares que escreveram o código do PC chegou ao fim. Sentencia que o futuro da computação pertence às novas empresas de serviços públicos.

2 de agosto de 2011

BANCOS BRASILEIROS? NÃO CONFIEM NELES

Não confiem em bancos brasileiros. Especialmente no Banco do Brasil e no Itaú. Fui assaltado pelos dois. Resta-me agora o caminho da justiça. Reparação? Sabe Deus quando virá. Contribuinte, consumidor são apenas “fregueses” dessa formidável máquina institucional que funciona no Brasil, livremente, com leis e entidades fiscalizadoras que não funcionam. Com as leis, eles enganam e com os fiscalizadores, eles se associam e acabam todos do mesmo lado.

Há mais de dez anos, adquiri um plano de previdência de aposentadoria com renda vitalícia no Banco do Brasil (BB) com a BrasilPrev, sua subsidiária para administração de fundo de previdência privada. Em paralelo, também há muitos anos comprei um fundo na Icatu Hartford Seguros, como o primeiro, com renda vitalícia. Ao longo dos anos, depositei regiamente o estipulado, além de contribuições esporádicas. Formei lá um patrimônio financeiro razoável para as minhas posses.
Desde 2005, quando o governo federal realizou uma série de mudanças no sistema de fundos de previdência, agentes do Banco do Brasil me procuram, pessoalmente ou pelo telefone, oferecendo uma troca de plano. Nunca dei bola. Recentemente fui procurar saber por que eles tanto insistem. Descobri que a modalidade de plano por mim contratada deixou de existir, a partir das mudanças, porque não era mais interessante para os bancos.

No meu plano, em particular, estava assegurada uma renda corrigida mensalmente pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) e mais juros de seis por cento ao ano. Apesar da Taxa de Carregamento ser a mais alta do mercado (trata-se da taxa de remuneração dos bancos que é cobrada sobre o valor da remuneração anual) nove por cento, ainda assim é uma boa aplicação, visto que, nos últimos anos, a inflação foi menor que 6 por cento. E mesmo agora que ela ultrapassa os seis por cento ao ano, ainda é uma boa remuneração para os fundos de previdência. Por essa razão deixou de ser interessante para os bancos. E por isso o BB não me dava sossego tentando fazer com que migrasse para um plano de PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) ou VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Jamais aceitei.

O Icatu Hartford é um fundo pertencente e administrado por uma empresa familiar, no Rio de Janeiro, cuja maior faceta é o seguro de automóveis, entre outros. Lá pelos idos de 2005 correu um forte boato de que iria quebrar. Pedi ao corretor que me fizesse um estudo, pois queria trocar de administrador. Ele me trouxe algumas sugestões e migrei para um outro fundo de previdência, desta vez da Sul América Seguros. Também com renda vitalícia.

Tomem cuidado também com os corretores de seguros. Estes costumam ser o vendedor dos planos de previdência. Além dos gerentes dos bancos, claro. O meu corretor me enganou. Em nenhum momento ele me disse que ao migrar eu estaria perdendo direitos. Perdi a vitaliciedade do plano e entrei de gaiato num PGBL com a afirmação dele que também seria vitalício. Nunca foi.

Aos 61 anos busquei os bancos para informações sobre a aposentadoria. Fui a cada um deles e solicitei, por escrito, um cálculo para aposentadoria aos 65 anos se caso migrasse de um para outro. Pronto, foi a senha para o bote. Como gangsteres, numa noite escura, o Banco do Brasil transferiu o meu saldo para a conta do Itaú, sem minha autorização, e encerrou a minha conta. É a prova inconteste de que se trata de um oligopólio agindo à revelia das leis e da fiscalização. No dia seguinte, corri ao caixa do BB e fiz depósitos na conta que foram aceitos. Mesmo assim eles informavam que a conta estava encerrada. Dias depois, me comunicaram que aqueles depósitos estariam sendo transferidos para a minha conta corrente. Fui ao Itaú e o gerente aparvalhado me garantia que teria sido “uma falha de São Paulo” e logo meus recursos estariam de volta ao BB. Esperei. Nada. Tentei encontrar uma alternativa no Itaú que me proporcionasse renda vitalícia. Na mesma agência, a gerente de contas, me informava que o PGBL só é válido por 10 anos, ao final dos quais o saldo estaria zerado, pois o mesmo seria devolvido mensalmente, no período, como aposentadoria. Ela não sabia informar, mas o PGBL é apenas mais uma modalidade à escolha do cliente.

Desinformada ou de má fé, o que é inadmissível para uma instituição como o Itaú manter uma gerente que desconhece os produtos do banco, ela não soube me oferecer alternativas. Foram muitas idas e vindas. Todas as respostas me remetiam a São Paulo. Essa é a saída mágica deles tentando encobrir a ignorância ou ineficiência. A modalidade vitalícia existe e permanece nos planos como Renda Vitalícia com Prazo Mínimo Garantido ou Renda Vitalícia Reversível ao Beneficiário Indicado. Só fui saber disso depois, em minhas pesquisas, movido pela indignação.

Além de larápios e mal informados são desorganizados. Mesmo com a conta encerrada, alguns dias depois recebi uma carta do BB me cumprimentando por haver transferido meus recursos do Itaú para a conta do BB. Aconteceu exatamente o contrário. Fui ao gerente do BB e mostrei-lhe a carta. Pasmo ele disse que não sabia o que tinha acontecido e que eu deveria ligar para São Paulo, num zero oitocentos.

No Itaú, passados 30 dias do episódio, e até hoje, ninguém me informa o que se passou. Desisti. A partir de um determinado momento os agentes nada sabem, perdem o controle, e o que me resta é peregrinar por telefones com funcionários que apenas sabem informar que sua conta está encerrada.

Só me restou procurar um advogado, gastar um bom dinheiro, e esperar sentado pela justiça. Se é que ela um dia virá. A antiga SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) órgão responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguros, a quem cabe fiscalizar toda essa canalhice, não funciona. Fiz lá uma reclamação de um outro plano, da Colmeia, há mais de 20 anos. A empresa faliu e nunca recebi uma resposta. É assim que a banda toca. Não acredite neles, jamais.

ALELUIA HILDEBERTO É JORNALISTA