16 de novembro de 2010

PARA LER E PENSAR

Agência Rio de Notícias
23/12/2010

CONFIRA A NOVA COLUNA DE ALELUIA HILDEBERTO
PARA LER E PENSAR
23/12/2010
Quem já parou de frente para uma banca de jornal e olhou detalhadamente nos títulos de revistas exibidos sabe que o setor campeão é o de moda. A quantidade de revistas de modas, e comportamento, é impressionante. É um claro sinal de que este mercado é promissor e ativo. Mas o que muitos não sabem é que as revistas vêm perdendo seu posto de principal veículo divulgador da moda. A exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, o setor fashion já descobriu o novo filão de divulgação dos seus produtos: a blogosfera. Levantamento realizado pela revista Vogue Paris dá conta de 45 blogs de moda como o novo formador de opinião nesta área, feminina, que movimenta bilhões de dólares por ano aqui no Brasil. Somente a empresa YES, cosméticos, tem parceria e patrocínio com mais de 200 blogueiras, sendo que o principal é o blog www.garotasestupidas.com.br. Este tem algo como 65 mil visitas por dia. Se somarmos a quantidade de visitas, mensais, somente a este blog, o total bate a tiragem de todas as revistas de moda do Brasil. E o mais incrível de tudo isso, as blogueiras são amadoras. Além do blog Garotas Estúpidas, cuja titular é uma jovem pernambucana de 23 anos que vive em Recife, três outras blogueiras desfrutam de sucesso estrondoso na internet com um número de acessos diários variando entre 20 e 50 mil cliques. Joana Argenta tem 14 anos de idade e se inspira em sua congênere americana da mesma idade, Tavi Gevinson. Não vai a shoppings nem a desfile de modas, mas é uma campeã na hora de oferecer dicas de moda, beleza e estilo em seu blog www.poderosasegirlies.blogspot.com. Mora no interior do Rio Grande do Sul, numa cidade chamada São Sepé, de 25 mil habitantes. De lá fala para 40 mil pessoas todos os dias em todo o Brasil. Ainda nessa faixa de público temos a Mariah Bernardes Maia de Araçatuba, interior de São Paulo com o blog www.blogdamariah.com.br. Completa o grupo duas jornalistas de São Paulo, capital, Lelê Saddi do blog www.blogdalelesaddi.glamurama.uol.com.br e a Helô Gomes com o blog www.sanduichedealgodao.com.br.
Estas quatro moças falam para mais de 150 mil pessoas diariamente. Sozinhas, sabe-se lá como, pesquisam, produzem, copiam, desenham, colam e mostram na telinha o que faz o mundo em matéria de moda. O custo de produção é irrisório se comparado a uma página de fotos de uma revista de moda qualquer que venda 20 mil exemplares/mês. Esses blogs estão cheios de anúncios e algumas delas declaram que não aceitam todos que desejam lá anunciar. Considera que é muita responsabilidade fazer indicações de compra e uso e só indica o que usa. Não se pode afirmar que elas tenham um modelo de negócio estruturado e acabado para a internet. Mas pode-se olhar, pesquisar, estudar e ficar de olho nesse exemplo. Até aqui tudo indica que esse será um dos caminhos, do futuro, para os produtos que irão substituir a velha mídia.
ALELUIA, HILDEBERTO É JORNALISTA

10 de novembro de 2010

O FURACÃO DIGITAL ASSOLA A MÍDIA

artigo publicado na coluna claudiohumberto.com.br

Sábado, 11 de dezembro de 2010
O FURACÃO DIGITAL ASSOLA A MÍDIA
Por  Aleluia Hildeberto

No mês de julho de 2010 estive em Miami para uma temporada de quatro dias a trabalho. Fui alojado num Holiday Inn, um daqueles hotéis imensos e bem americanos, com corredores longos e uma infinidade de apartamentos por andar. Quando vi a reserva ainda aqui no Brasil julguei que houvera engano, pois o bairro do hotel chamava-se Hollywood e eu pensava que Hollywood só em Los Angeles. Mas é que Miami também tem a sua hollywood.
Todos os dias observava em frente ao elevador, no final do corredor, duas pilhas de mais de um metro de altura. Eram exemplares do jornal US Today, o diário mais vendido na América, com uma tiragem superior a dois milhões de exemplares/dia. Eu saia pela manhã e lá estava a pilha. Voltava no final da tarde ou à noitinha e ela lá continuava. No final de minha estada indaguei aos funcionários do hotel. Disseram-me que todos os dias era assim, ninguém pegava nenhum exemplar do jornal. Afirmaram-me que no começo os empregados do jornal voltavam no final da tarde para pegar as sobras, mas ultimamente nem isso faziam. O próprio hotel cuidava de jogar fora o jornal refugado.
No avião, na hora do voo, em território americano, na sala que antecede o embarque na aeronave esse que vos escreve era o único dos presentes com um livro na mão. Todos os outros passageiros ou estavam com o seu iPad, Kindle ou seu e-book. É uma clara indicação de que o livro, tal qual como o conhecemos, vive também sua odisséia.
Já vimos aqui diversas radiografias do setor midiático americano. Todas estão maculadas quando se trata de olhar o futuro da velha mídia. Mas não é só nos Estados Unidos. Na Europa, na Ásia e por aqui, entre nós também. Alguns aspectos são comprometedores e globais mesmo. Como exemplo a perda de audiência pela TV e a crise dos veículos impressos em função de tiragens cada vez menores são sintomas explícitos. O modelo de negócio dos veículos impressos é uma espiral de problemas que parece não ter mais fim, a começar pela perda de leitores nas assinaturas e nas bancas. Com isso, foge o anunciante privado e na ausência desse cai o faturamento. Em paralelo, cresce verticalmente o número de leitores da versão online dos impressos. Mas muito poucos querem pagar pelo acesso. E nos quatros cantos do mundo, o número de leitores virtuais são centenas de milhões de vezes maior do que o de leitores dos impressos. Sem contar que uma grande maioria dos impressos produz um tipo de conteúdo muito igual e na WEB o sucesso está para aqueles que investem na diferenciação.
Algumas coisas estão claras: cobrar pelo acesso não se mostrou produtivo, mas sem a rentabilidade não dá para se manter na rede. E este modelo ainda não foi encontrado. Todas as experiências tentadas até aqui passam pela combinação com o modelo online, e, neste modelo, investem em várias alternativas, desde acordos com sites de vendas de mercadorias até sites de leitura para que paguem pelo conteúdo usado. Custa crer que vingue este modelo. Quando se comparam os custos de produção dos impressos e sua pirâmide de rentabilidade em seu modelo atual, não dá para imaginar um futuro promissor na WEB. Não há como transferir para a rede o modelo de negócio que deu aos controladores das empresas que produzem impressos muito poder, dinheiro e prestígio. A verdade é que a indústria americana de revistas e jornais impressos está se despedindo dos bons tempos.
E para quem não acredita nesta hipótese, é bom dar uma olhada no mundo da moda nos Estados Unidos. Já não são as TVs, nem as revistas e jornais os mais desejados nos desfiles de lançamentos de moda. E nem tão pouco seus colunistas e paparazzi famosos. As coisas já mudaram no exclusivo mundo fashion. Os personagens mais queridos e requisitados agora são os blogueiros. Em setembro passado, na última semana de moda de Nova York, foram eles que deram o tom na cobertura. Sentados na primeira fila dos desfiles estavam blogueiros de todos os cantos do mundo, desde os das Filipinas até uma americanazinha de apenas 13 anos de idade, chamada Tavi Gevinson que faz o maior sucesso na blogosfera da moda. E o mais cruel, são amadores.
Como não existe um modelo de negócio acabado para a WEB, cada um faz o seu. Ou nem faz. Senta e escreve. Senta e transfere para o computador as fotos da câmera. Sem compromisso com nada. E os custos? Bem, os custos não dão nem para comparar com os outros veículos. Fica difícil de entender esse mundo novo quando paramos para olhar os dados e os números do programa CQC da TV Bandeirantes, por exemplo. Na TV o programa não lidera a audiência, muito embora venha crescendo em público e prestígio comercial. Mas na Internet os oito integrantes do CQC são um arraso. Juntos eles batem a marca de seis milhões de seguidores no Twitter. Isso é mais que a tiragem diária de todos os grandes jornais brasileiros. O líder, no Twitter é o Rafinha Bastos com 1.459.117 seguidores.
Mas a questão é única. Se na TV é fácil e rápido traduzir a audiência em faturamento, pois seu modelo de negócio está pronto, testado e acabado, como fazer dinheiro com essa multidão que os seguem no Twitter? Ainda não sabemos.