30 de janeiro de 2012

A SINGULARIDADE

Se você acha muito tudo que já viu e leu sobre a internet, prepare-se para surpresas cada vez maiores. Neste momento, dezenas de cientistas, principalmente nos Estados Unidos, na Inglaterra e em Cingapura, trabalham firme na busca da fusão do sistema nervoso humano com a internet. Seria a criação da rede mundial de mentes.

 Cerca de trinta anos atrás, um autor científico chamado David Ritchie escreveu um livro chamado O CÉREBRO BINÁRIO ( Bookstore.com e Amazon.com a US 6,95) em inglês The Binary Brain. Nesta obra ele comemora “a síntese da inteligência humana e da inteligência artificial”, encontrada em algo que ele chamou de biochip. Ele se maravilhava com o encontro de tal possibilidade a ponto de escrever que “plugaríamos à memória de um computador tão facilmente como calçamos nossos sapatos. Nossa mente será preenchida pelas informações armazenadas no computador e poderíamos virar especialistas em qualquer assunto instantaneamente”. E previa que veríamos isso antes do final do século XX.Ainda não chegamos lá, mas...

Pesquisa realizada pela revista The New York Review of Books localizou na Universidade de Brown, em Washington, nos Estados Unidos, o professor Theodore Berger que pesquisa há décadas próteses neurais. Ele começou a implantar em ratos um dispositivo que contorna o hipocampo de um cérebro danificado e trabalha no lugar da região afetada. Essa invenção está próxima de uma solução para a perda de memória corriqueira quanto para a perda patológica, principalmente, aquela associada ao Alzheimer. A esse processo também se dá o nome de SINGULARIDADE.

A mesma revista americana localizou um escritor chamado Michael Chorost. Ele ficou totalmente surdo no ano de 2001. Ele nasceu nos EUA com grave perda de audição devido à rubéola. Sua audição foi recuperada quando fez implantes cocleares em seus ouvidos. O resultado mudou radicalmente a sua vida, a ponto de escrever um livro sobre o assunto chamado REDE MUNDIAL DE CÉREBROS: a integração vindoura entre a humanidade, máquinas e a internet. Na obra, ele defende a idéia de instalar computadores intracerebrais em todos os seres humanos. Assim, “assegura que a internet seria parte integral do ser humano e seu uso seria tão natural quanto o de nossas próprias mãos”. Não é uma idéia nova.

Já no século XVII, o pensador e filósofo francês Descartes (1596 a 1650) que também era físico e matemático, em sua obra O DISCURSO DO MÉTODO ( saraiva.com a RS 6,90) trazia a idéia de que “eu sou uma máquina que pensa. Os meus músculos são comandados pelo cérebro através do sistema nervoso” - Tratado do Homem. Ele acreditava que certas atividades humanas poderiam ser realizadas por máquinas, mas com algumas restrições. Na mesma obra, ele nega ao homem a capacidade de compreender de modo a responder ao sentido de tudo o que se diz na sua presença.

 É claro que Descartes não previa computadores, e nem mesmo a SINGULARIDADE. Seus estudos buscavam ou negavam Deus. Por isso a Igreja não lhe deu sossego e o excomungou. Sua visão de máquina humana estava mais ligada à metafísica que à evolução tecnológica. Mas um dado curioso em minhas pesquisas é que todos os gênios da era tecnologicamente avançada justificam seus inventos a partir de raciocínios filosóficos.

 Descartes negava Deus diante de sua extraordinária capacidade de razão. Mas que razão era essa que nem sempre o levava à sensatez? No mesmo “Discurso do Método”, uma das obras-primas da filosofia moderna, Descartes nos diz que, “de todos os que procuraram a verdade científica, só os matemáticos a encontraram, só os matemáticos formularam algumas demonstrações. Conseguiram demonstrar alguma coisa, com razões certas e evidentes”. É nessa época que ele encontra um método para tentar fundir as vantagens da lógica, da geometria e da álgebra. E é também quando formula as famosas quatro regras fundamentais.

A SINGULARIDADE começa a nascer na Idade Média, no Renascimento, quando surge a mecânica e com ela o aperfeiçoamento do mecanismo do relógio, uma nova concepção do homem. Dando um salto gigantesco na história, temos também Bill Joy, no século XX, fundador da Sun Microsystems, em 1992, publicou no ano 2000 o artigo “Por que o futuro não precisa de nós?”, em que defende a idéia de que as máquinas inteligentes são perigosas demais e poderão facilmente fugir do nosso controle.

 Com o tempo a SINGULARIDADE (etimologicamente se origina do substantivo SINGULAR) encampou toda a síntese de explicações para a Singularidade Matemática. A enciclopédia Wikipédia define como o ponto onde uma função matemática assume valores infinitos e sem comportamento definido. Complicado. E daí saltamos para a Singularidade Tecnológica quando o computador desenvolve sua própria inteligência.

Nas palavras de Ray Kurzweil, um dos fundadores da Microsoft e inventor da máquina de leitura para cegos, em 2045, a parte artificial da inteligência da civilização de homens-máquinas será um bilhão de vezes mais poderosa do que a parte biológica. Isso significa que teremos ampliado um bilhão de vezes a inteligência dessa civilização. É uma mudança tão profunda que a chamamos de SINGULARIDADE.

Ray Kurzweil é autor, pesquisador e inventor. É também um dos profetas da tecnologia mais respeitados no mundo. Em recente livro, The Singularity is Near (A Singularidade está Próxima- Amazon.com) ainda sem tradução para o português, afirma que em 2029 a humanidade terá disponíveis os recursos de inteligência artificial necessários para que máquinas atinjam a inteligência humana, inclusive a inteligência emocional.

 E se você quiser saber mais, busque na internet ou nas livrarias outro livro desse gênio chamado A ERA DAS MÁQUINAS ESPIRITUAIS, em inglês The Age of Spiritual Machines ( Amazon.com). Vai se maravilhar com a leitura fascinante e assustadora. Sobre o livro, a melhor definição vem de seu sócio Bill Gattes:

 - Quando Ray faz uma previsão, é melhor prestar atenção.

Ray Kurzweil é ousado, audacioso, porém realista e possuidor de um profundo conhecimento histórico da evolução do homem. Sendo assim, observa com propriedade que “há quinhentos anos atrás, pouca coisa acontecia em um século. Agora muita coisa acontece em apenas seis meses. A tecnologia alimenta a si própria e fica cada vez mais rápida e não vai parar. E daqui a quarenta anos, o ritmo da mudança será tão assustadoramente rápido que não seremos capazes de acompanhá-lo, a menos que aumentemos nossa própria inteligência fundindo-se com a tecnologia inteligente que estamos criando”.


 Esse avanço científico HOMEM-COMPUTADOR é o que nos leva à Inteligência Artificial (I.A.), a superinteligência. Mas, tudo que as equações matemáticas não conseguem mais explicar, os cientistas passam para a ciência física criando a integração tecnológica. E com ela, eles estudam os buracos negros do universo. Tudo isso está muito longe de nós, fora do nosso alcance e do entendimento dos mortais. Estudos e pesquisas realizados ao longo dos tempos garantem que imprescindíveis para o avanço da I.A. foram os trabalhos dos matemáticos dos séculos XVII a XIX. E que no século XX, quando surge a figura de Alan Turing, em 1956, é que a Inteligência Artificial começa a ser reconhecida como ciência.( Alan Turing - Home Page www.turing.org.uk/turing/Em )
 Hoje, o desenvolvimento da SINGULARIDADE está ligado à ciência dos computadores e cada vez mais a I. A.Incompreensível para os mortais, mas muito importante para o desenvolvimento do homem e do prolongamento da vida. De nossas vidas.

28 de janeiro de 2012

MARATONA DE HACKERS

O ser humano é provido de um rosário de sentimentos nobres e uma penca de outros nada nobres, para não dizer mesquinhos, ultrajantes e sórdidos. Indivíduos são movidos, às vezes, por opiniões e atos estúpidos associados a oportunismo, preconceito, intolerância, estupidez, ganância, inveja, insensatez e vilania. Nada disso impede ou limita a sua capacidade criativa e sua força realizadora. Há um tipo que produz, realiza e dota a humanidade de trunfos sem precedentes na história do homem. E no que diz respeito a tecnologias os exemplos são infinitos e quase diários. Um exército de homens criadores, privilegiados por neurônios férteis, não param de surpreender o mundo e dotar nossas vidas de instrumentos modernos e ágeis na chamada tecnologia da informação.

Enquanto navegamos nesse mar de conhecimentos e novidades que tornou o mundo uma pequena caixa de fósforos, e sem fios, desconhecemos que existe um outro exército criativo produzindo e disseminando o vírus do mal. Dotados de uma inteligência superior, indivíduos jovens, em sua imensa maioria homens, dedicam-se a criar e produzir, e a disseminar na rede uma família de vírus, causando estragos de toda ordem, e sobretudo prejudicando, roubando, atrasando, destruindo e infectando o trabalho de milhões de pessoas e empresas nos quatro cantos do planeta. São eles os hackers ou crackers. Muitas vezes, sem objetivo definido, outras com o declarado intuito de roubar, dedicam-se com maestria a criarem programas perfeitos.

O grande esforço da indústria da tecnologia da informação, hoje, além de criar, é encontrar uma fórmula salvadora, se é que ela existe mesmo, destinada a incorporar os hackers ao mundo legal. Dessa forma, nos Estados Unidos, um grupo de pessoas e empresas se reúne, anualmente, coordenados por um blog, o TechCrunch, numa maratona conhecida como “hackatona”, como se fora um encontro de bandas musicais em local pré-escolhido e ali quem apresentar ou compuser na hora a melhor música leva o prêmio. Só que o troféu pode significar algumas dezenas de milhões de dólares. Em junho de 2010, durante a maratona de hackers, realizada em Nova York, a hackatona, os fundadores da empresa GroupMe, dois jovens, Martocci (Steve) e Hecht (Jared), criaram em apenas 24 horas um serviço para enviar mensagens de textos para grupos. Alguns meses depois, a empresa Skype comprou o projeto pela bagatela de 80 milhões de dólares. Desde então, a Yahoo.com criou o Dia do Hack que é celebrado na hackatona.

Essas maratonas vêm deixando de serem encontros onde jovens se reúnem para fumar e beber, sem censuras, para se tornarem uma competição aberta e criativa entre programadores de computador, os hackers. Nesses encontros, eles criam aplicativos na hora e repassam para empreendedores que irão usar como plataformas em suas empresas iniciantes. As grandes empresas gostaram da ideia e lá plantam seus olheiros nessa forma divertida e barata de inovar. Segundo o editor do site TechCrunch, de cada 100 projetos exibidos no palco da hackatona cerca de 70 costuma evoluir para algo e apenas 30 por cento viram projeto de verdade, e cinco costumam virar empresas.

A ideia não é nova. O site Facebook costuma realizar sua hackatona entre seus próprios funcionários a cada oito semanas em um determinado lugar escolhido pelos jovens empregados. Uma média de 300 funcionários costuma se inscrever para os encontros que levam 8 horas de duração. Já houve encontro que rendeu 50 projetos. Nem todos são aproveitáveis, mas em pelo menos em um nasceu o aplicativo “CURTIR” do Facebook. Os investidores já descobriram este celeiro de oportunidades, assim como os governos das cidades americanas. O primeiro foi o da cidade de Nova York que lançou o concurso ReiventeNY.gov atualizando seu site, coisa que não era feita há cinco anos. O mesmo Facebook recorreu a hackers independentes pagando 40 mil dólares para que um grupo deles localizasse falhas em site. Com este gesto, a empresa pretende institucionalizar um programa de recompensa pela descoberta de vírus em seu site. Botou o ladrão dentro de casa para tomar conta do terreiro. Para o diretor de segurança do Facebook, Joe Sullivan, “há muitos especialistas em segurança, talentosos e bem intencionados, em todas as partes do mundo que não trabalham para o Facebook. Estabelecemos um programa de recompensa à detecção de vírus em um esforço para reconhecer e remunerar esses indivíduos pelo seu bom trabalho e encorajar outros a se unirem a nós”, declarou ao jornal Financial Times, de Londres.

 O Google e o Mozilla também oferecem pagamentos a pessoas de fora que encontram vulnerabilidades em seus softwares. A melhor explicação para definir essa história de vírus em nossos computadores me foi dada pelo sérvio Zivota Nokolic, assistente técnico para problemas em rede do meu escritório e computadores pessoais. Desafiado pela falta de qualidade ampliada dos antivírus, gratuitos, ele com uma resposta sábia e objetiva atesta: - E daí? As ruas estão cheias de policiais e nem por isso os bandidos deixam de agir. Transfira essa sentença para o seu PC. Por mais protegido que ele esteja, convém estar sempre atento à questão dos vírus. O mesmo vale para as grandes e pequenas empresas, visto que estas são as mais vulneráveis para a atuação dos hackers.

 Sem conhecimento do proprietário Joe Angelastri, larápios cibernéticos implantaram softwares nos caixas de suas pequenas lojas de venda de revistas, em Chicago, EUA, que, por sua vez, enviou para a Rússia dados de clientes que pagaram com cartão de crédito. A Mastercard, emissora do cartão, exigiu dele uma investigação por conta própria na qual ele teve de gastar cerca de 22 mil dólares. Em depoimento ao jornal Wall Street Journal, Angelastri se mostrou estupefato diante das evidências concretas de invasão de seu micro sistema de controle de pagamentos. Mas, segundo o jornal, a moda em terras americanas para os hackers é invadir os caixas das pequenas empresas. São mais fáceis em questão de defesa eletrônica e demoram a agir. Com isso os ladrões ficam com tempo de sobra para sumirem com as pegadas. Além disso, seus proprietários não costumam se precaver eletronicamente.


 Nas palavras de Dean Kinsman, agente especial da divisão de crimes cibernéticos do FBI, a polícia federal americana, falando ao mesmo Wall Street, afirma que “a invasão a sistemas de pequenas empresas nos Estados Unidos é um problema fértil”. Revela que existem 400 inquéritos em andamento para esse tipo de crime e que “antes de melhorar, ainda vai ficar muito pior”.

O delegado Carlos Eduardo Miguel Sobral, da Polícia Federal brasileira e chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos, na mesma reportagem, adverte que as pequenas empresas são mais vulneráveis quando se informatizam. Ele acredita que é uma questão de tempo para que os hackers também comecem a atacar os sistemas de pequenas empresas brasileiras. E deixa uma sugestão: - O ideal é que toda empresa que armazena dados com valor econômico invista em segurança, usando dados criptografados e mais camadas de proteção.