7 de julho de 2014

NATALIDADE NO BRASIL (IV)

Relembre a cobertura das TVs sobre tragédias urbanas nas cidades brasileiras. A vítima que aparece dando entrevista é quase sempre uma mulher com um filho no colo e uma prole considerável em volta.

Só se tem noção da extensão desse país de miseráveis quando se anda de helicóptero, por cima. É um mar de casebres, esgoto a céu aberto e gente, muita gente. Somente a cidade do Rio de Janeiro tem mais de mil e duzentas favelas. O Estado finge que não vê, e a cada dia tem mais uma “casinha” sendo feita.

Não é mais a migração interna que vai para as favelas. Agora é quase que exclusivamente os descendentes dos favelados. Outro fato perturbador: a favelização já não é um privilégio das grandes cidades. No interior, nas pequenas e médias cidades o índice de favelização é crescente.

Com a distorção educacional, social e econômica própria do Brasil, não haverá economia que suporte esses índices de natalidade. O país tem gente demais e no entanto falta mão de obra especializada. Agora mesmo o Sindicato dos Proprietários de Caminhões de Carga diz que há vagas para cem mil motoristas de caminhões. Não se encontra no Brasil. Está indo buscar no exterior.

Isso não impede o IBGE ao justificar a atual taxa de natalidade do Brasil afirmando em seus relatórios que “a nossa taxa de natalidade está relacionada ao processo de urbanização, que gera transformações de ordem sócio-históricas e cultural da população. A instituição de métodos contraceptivos, melhores condições médicas e um aumento no nível de educação também se relacionam com a atual quantidade de filhos tidos pelas mulheres no Brasil em suas regiões”. Ele deve estar se referindo às classes das faixas A e B da pirâmide. Só pode ser. Porque lá embaixo, na base é uma tragédia.

Esse outro Brasil é o que nos coloca no numero 85 do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para medir os índices de desenvolvimento das nações. Nosso índice de analfabetismo é considerado em 10 por cento da população. Em algumas regiões do país este índice sobe para vinte. Ainda segundo a ONU das 50 cidades mais violentas do mundo, 16 estão no Brasil. Das 10 mais violentas, três estão aqui.

Violência, crimes, roubos e assaltos não é mais privilégio dos grandes centros. A droga toma conta das pequenas cidades e com ela o flagelo dos jovens na criminalidade. Os números são assustadores. Morre mais gente em terras brasileiras, vítimas de violência, que em três países em guerra: Iraque, Síria e Afeganistão. Os políticos fecham os olhos. Vão rolando a bola. E alguém diz: chame a Polícia. Coitada da Polícia. Querem dela uma solução que cabe aos políticos e lhes falta coragem para agir.

Na respeitável revista inglesa The Economist da primeira semana de junho de 2014 dois professores, tiveram seu estudo sobre natalidade publicado. Eric Striesssnig e Wolfang Lutz, da Universidade de Economia e Negócios de Viena e Instituto Internacional de Analise de Sistemas Aplicada, em Laxemburg, Áustria, argumenta que “ao predizer as taxas de dependência (o numero de crianças e pensionistas comparado a pessoas em idades produtivas) a educação também deveria ser considerada uma vez que, nem todas os que estão em idade produtivas contribuem igualmente para apoiar a população dependente. Pessoas mais preparadas são mais produtivas e saudáveis, se aposentam mais tarde e vivem mais”.

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