28 de fevereiro de 2011

UMAS E OUTRAS

Uma mídia não substitui a outra. Isso é o que mais se diz e escreve nesses tempos de Internet. Há dois anos foram lançados no mercado, inclusive no Brasil, três preciosos livros (todos de autoria de cidadãos americanos), considerados as melhores fontes de pesquisas e análise sobre a comunicação e os novos tempos. O primeiro deles foi A CAUDA LONGA, do jornalista e pesquisador Chris Anderson. Em seguida, do mesmo autor, FREE - GRÁTIS, O FUTURO DOS PREÇOS. Ambos lançados no nosso país pela Editora Campus. Logo depois apareceu A CULTURA DA CONVERGÊNCIA, do professor Henry Jenkins, lançado pela Editora Aleph. Fora dessa lista, nas livrarias brilha o excelente trabalho do jornalista Nicholas Carr (também americano), A GRANDE MUDANÇA - RECONECTANDO O MUNDO, DE THOMAS EDISON AO GOOGLE (Editora Landscape). Ex-editor da prestigiada Revista HARVARD BUSINESS REVIEW, sem meias palavras, faz um passeio pelas mudanças tecnológicas desde a revolução industrial com sólidos argumentos e pesquisas, clareza e objetividade. Do setor de software aos jornais, da geração de empregos à formação de comunidades, da defesa nacional à identidade pessoal, numa visão realista do novo mundo nos circuitos do “supercomputador mundial”. A exemplo de Anderson no livro FREE onde nos mostra a era da informação farta e grátis, pelo mesmo caminho o professor Carr sustenta que a tecnologia da informação está recriando a indústria, a sociedade e a cultura. Ele advoga a tese de que a revolução de agora é semelhante ao grande salto da revolução industrial quando as máquinas e a energia elétrica criaram o mundo moderno. As usinas hidrelétricas bombearam a força que as máquinas necessitavam para gerar o desenvolvimento, defende ele. Hoje, assegura, são as gigantescas usinas de processamento de dados que bombeiam as informações e códigos de software para nossas casas e indústrias fazendo a computação se tornar em serviço público. Os computadores desses centros de processamento são cada vez maiores, mais rápidos e potentes. A limitação deles é a própria WEB com a largura da banda e capilaridade. O Google tem hoje ao redor do mundo mais de 40 “fábricas”. Nenhuma outra empresa possui uma infraestrutura tão grande na face terra.

Falta ainda no mercado um bom livro com estudos sobre atualização do ensino da ciência econômica, nas universidades, em função dos bytes. O PIB (Produto Interno Bruto) de uma nação já não será medido como antes. O modelo de produção da nossa era industrial foi consideravelmente alterado nesses novos tempos. Agora há que se considerar a largura da banda larga, capacidade de armazenamento na rede, processamento e acesso. Os bytes estarão influindo no nível de produção, tais como as mãos do homem. E as mídias orientando o consumo já não serão as mesmas que conhecíamos. Tudo indica que o mercado será de nicho, supersegmentado. Faz sucesso o tênis da Nike lançando recentemente. Carrega na sola um chip que transmite para uma central de dados todas as informações do corpo do calçante, corredor ou caminhante. Será difícil escolher um tênis para compra sem dar uma busca no canal exato onde todas essas informações estejam condensadas. E não será a TV, jornal ou revista. Provavelmente será um blog ou site. Assim como existem exemplos práticos que confirmam a tese de que uma mídia não substitui a outra, existem aqueles que os desmentem. É certo que a TV vem interagindo galhardamente com os novos tempos. Até mesmo para nós aqui no Brasil. Por módicos cem reais, você pode adaptar seu monitor, de qualquer tamanho, para virar uma tela de PC. E é uma maravilha. Mas isso não garante que a televisão sobreviverá tal e qual a conhecemos. Um dos programas de maior audiência da TV americana, o da atriz Oprah Winfrey, considerada a rainha da mídia, atinge apenas seis milhões de americanos. Num passado recente, no seu auge, o apresentador Walter Cronkite falava todas as noites, na TV aberta, para mais de 40 milhões de americanos. Poucos anos depois, foi substituído por Larry King que falava para 20 milhões de telespectadores americanos. Isso não mais existe nos dias de hoje. Nem lá nem cá. O YouTube está aí mesmo para tirar o sono da TV.

Assim como ninguém imaginou que um dia os LPs (Long Plays) fossem destronados. Na década de oitenta, precisamente no ano de 1981, ele teve seu auge com 1,1 bilhão de unidades vendidas. Em 1988, o mercado de fitas cassetes crescia a uma média de 13 por cento ao ano e em 1989 atingia o auge 1,5 bilhão de unidades comercializadas. Lá pelos idos da década de 1980 surgia também o CD (Compact Disc) e no ano de 2000 ele alcançaria o recorde de vendas com a marca de 2,45 bilhões de unidades vendidas. Em seguida, veio o MP3 Player e roubou-lhe o reinado. Nesse meio esteve o Walkman que teve vida curta e ninguém mais lembra. Hoje, noventa e cinco por cento da música que circula no mundo é distribuída de graça ou é capturada ilegalmente. Todos esses dados, da própria indústria fonográfica, estão compilados num relatório chamado E-Books: The Next Killer Application, de autoria do executivo Sampo Timonen, diretor da divisão de papéis gráficos para a Europa, da empresa RISI. A morte do CD e do DVD já está selada. Falta apenas o funeral que será confirmado na hora em que o usuário descobrir os aplicativos tais como o Blu-ray. Serão sepultados sem honras pelos novos aplicativos. E se isso não basta para anunciar a chegada dos novos tempos, considere que o Google umas das maiores empresas do mundo com valor de mercado avaliada em dezenas de bilhões de dólares ganha seu dinheiro eferecendo grátis quase tudo que existe na rede,inclusive a COMPUTAÇÃO EM NUVEM.O Blu-ray, entre outros, copia e armazena em quantidades gigantescas e downloads grátis, colocando tudo que você deseja na NUVEM, a pasta de armazenamento que fica no ar e você pode acessar de onde quiser. Hoje já não existe a possibilidade de você ficar sem a agenda pessoal em caso de perda do celular. Basta que acesse sua conta do Gmail, vá a contatos e descarregue toda a sua agenda e os dados que desejar. Toda vez em que você acessar a conta, automaticamente, se o celular estiver ligado, ela será atualizada na hora. Sem nenhum esforço, seus dados estarão a salvo. Se assim não desejar pode-se ir direto ao site Dropbox e criar, gratuitamente, uma conta na NUVEM para armazenar o que você desejar. Em um único item pode-se baixar toda a sua discoteca de centenas de CDs e de DVDs. Poderão ser condensados num único pen drive, ou mesmo num email ou disquete, para serem carregados no bolso, ou baixados, para serem acessados com apenas um toque. E onde fica a NUVEM? Pode estar logo ali ou há milhares ou milhões de quilômetros de distância. Estará no centro de processamento de dados do servidor escolhido que tanto pode ser na sua cidade, quanto no Oregon - Estados Unidos (onde estão vários do Google) ou na Índia. Eles também são chamados de fábricas de informações e se espalham pelo mundo como uma teia de uma aranha gigantesca.

ALELUIA HILDEBERTO É JORNALISTA

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