5 de novembro de 2015

MARCO POLO ( I )

Gerações e gerações cresceram e aprenderam que Marco Polo ( 15/01/1254 a 08/01/1324) foi um navegador. Viveu 69 anos, uma eternidade para sua época. Ainda assim os estudiosos não garantem sua data exata de nascimento. Estimam que tenha sido em janeiro de 1254. Mas pode ter sido bem antes. Em torno dele reina uma das lendas mais difundidas nos últimos oitocentos anos: que fora um navegador. Isso ele nunca foi. Foi sim, um grande espião. Talvez o maior deles nos primeiros 500 anos do milênio que se encerrou no ano 2000.

Nasceu em Veneza numa época em que a cidade era a capital do globo, centro do comércio mundial.

Veneza abrigava os maiores mercadores e as grandes fortunas europeias. No caís e nas docas da Cidade exércitos de estivadores carregavam e descarregavam mercadorias como uma enorme colmeia. Segundo Ernest Volkman em seu livro A HISTORIA DA ESPIONAGEM (www.editoraescala.com.br lançado no Brasil em 2013 ) na página 58 ele descreve o movimento nas docas da cidade como indicativo de seu status de maior centro comercial do mundo conhecido.

Os Doges, título nobiliárquico pelo qual eram conhecidos os príncipes governantes venezianos ouviram falar dos relatos dos missionários católicos que retornavam de viagens ao continente asiático. As notícias vindas do Vaticano deixaram os mandatários inquietos e preocupados. Aqueles missionários descreviam uma série impressionante de maravilhas de um império mercantil localizado no leste, mais precisamente na China e especialmente traziam informações sobre uma frota de navios mercantes conhecidos como BARCAÇAS e capazes de navegar por todos os mares do mundo graças a uma tecnologia milagrosa conhecida como a bússola”, relata.

Wolkman recorda que os Doges eram sobretudo homens de negócios e mercadores fabulosamente ricos. Os relatos levantaram a possibilidade assustadora de um império comercial chinês competitivo que um dia iria expandir-se para o oeste e suplantar o poderoso império comercial de Veneza. Os principes venezianos concluíram que precisavam de inteligência detalhada sobre essa possível ameaça a sua própria existência. Os venezianos possuíam o maior e mais eficiente serviço de inteligência da Europa.

Como já haviam falhado antes, sem maiores danos, estavam apavorados com os relatos. É que no ano de 1241 os mongóis chegaram à Europa derrotando todas as forças militares enviadas para dete-los e ocuparam parte dos territórios da Europa Oriental, principalmente aqueles onde hoje se localiza a Hungria e Polônia.

Os europeus temeram que a mais poderosa força militar de então varresse todo o continente. Os Doges foram pegos de surpresa pelas notícias vindo do leste. Os mongóis não avançaram e dois fatores foram decisivos para o recuo-o: a morte repentina de OGEDEI filho mas velho e primeiro sucessor do Imperador Gengis Khan e as imensas cadeias de montanhas com formação de gelo o que impossibilitava alimentação para seus cavalos: os Alpes. A partir dessa invasão os líderes europeus acordaram e descobriram que haviam forças poderosas em outras partes do mundo e que não eram divinas.

O pai de Marco Polo, conhecido como Nicolô Polo e seu tio Maffeo, faziam parte dessa elite veneziana. Muito ricos, articulados e audaciosos, não bastava aos Polos a fortuna acumulada até então. Queriam mais. Veneza, governada pelos Doges, em comunhão com uma dezena de comerciantes puseram em marcha um plano ousado e corajoso: chegar à China, de qualquer forma.

Escalaram os irmãos Polo pois estes já possuíam alguns contatos com mercadores chineses que começavam a estabelecer ” pontos” com a Europa para enviar mercadorias ao longo da lendária Rota da Seda com caravanas comerciais. ” Os irmãos Polo foram convocados oficialmente para uma viagem destinada a discutir a expansão do comércio ” segundo Volkman na página 59 do seu livro A HISTORIA DA ESPIONAGEM.

A verdadeira missão deles era coletar informações e inteligência sobre a extensão da estrutura mercantil chinesa, como funcionava, se existia qualquer plano para estabelecer uma significava presença comercial no continente europeu e qualquer outra coisa de interesse que pudessem encontrar que dissesse respeito ao império veneziano.

Esses irmãos Polo decidiram levarem seu filho e sobrinho de nome Marco Polo que à época tinha apenas 15 anos de idade. Em algumas pesquisas, historiadores diversos citam os irmãos Nicolô e Maffeo como tios de Marco Polo que viveram por um período de suas vidas na cidade de Constantinopla. Inclusive na versão de Volkman. Em outras fontes encontrei referencias,inclusive na Wikipedia ( www.wikipedia.com/marcopolo) convincentes de que Nicolô era o pai do Marco e resolveu levá-lo na viagem devido a seus dotes culturais, sua notável inteligencia e seu talento precoce como linguista.

Na página 60 do seu livro Volkman escreve que quando as coisas chegaram ao seu término “Marco haveria de imortalizar sua viagem anos depois em um relato que omitiu um fato significativo – foi uma das mais bem sucedidas missões de espionagem da história”. Este relato acabou passando à história como AS AVENTURAS DE MARCO POLO.

Em 1271 a família partiu para uma viagem de 24 mil quilômetros e que durou mais de três anos, a maior parte dela por terra. Somente a partir da cidade de Ormuz, à beira do Mar da Arábia (O Estreito de Ormuz está situado na entrada do Golfo Pérsico, entre Omã, localizado na Península Arábica e o Irã. Trata-se de uma via marítima estratégica por onde passa quase a metade do petróleo mundial e vinte por cento do transporte marítimo do globo. De pequena extensão, tem 54 km de largura mínima e seu trecho mais largo não passa de 100 km. É dominado hoje pelo Irã) eles conseguiram alguns barcos atravessaram o estreito e chegaram na China entrando pelo Tibet. Daí, sempre por terra rumaram para Pequim onde foram calorosamente recebidos pelo Imperador Kublai Khan, neto do lendário Genges Khan.

Marco Polo já dominava quatro língua orientais: chinês, mongol, persa e uigur. Ao mesmo tempo tinha uma capacidade incomensurável de absorver as informações que lhe eram relatadas e uma memória fotográfica para os fatos vivenciados. Ao longo da viagem conseguiu informações sobre o Imperador e que se tratava de um homem extremamente curioso e versátil e que uma audiência com ele poderia se tornar um tormento tal a quantidade de perguntas e inquisições que ele fazia aos visitantes.

No caminho, ao longo dos três anos de duração, Marco Polo aprendeu e dominou as quatro línguas orientais e ficou sabendo por intermédio dos professores que “o Grande Khan” tinha um insaciável apetite por inteligência.

Descreve Volkman na página 61 que generais, mercadores, comerciantes e intelectuais, todos sabiam que uma audiência com ele significava um tormento de horas de duração sobre uma gama exaustiva de tópicos, que iam desde as crenças religiosas de estrangeiros até o numero preciso de lanças que um soldado de um determinado exército carregava. Os comerciantes sabiam, e repassaram aos Polos que a aprovação do Khan para suas operações comerciais em seus domínios dependiam, em grande parte, da maneira pela qual eles poderiam satisfazer seu apetite por inteligência.

Quando os Polo chegaram a Pequim Marco iria descobrir que o apetite por conhecimento do Khan era de grande valor. Admitidos em audiência pelo Imperador Kublai Khan como renomados comerciantes estabelecidos na Europa – um assunto de interesse comercial para o governante chinês – os Polos deixaram o garoto Marco manter a maior parte da conversação.

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