29 de março de 2015

UMA GENTE ESPECIAL- OESTE DA BAHIA

A Natureza, ou Deus, dotou o homem de muitos sentimentos e convicções. Entre tantos, no Oeste da Bahia, ficou claro para mim que a fé, a esperança e a determinação são os mais fortes deles. Quando você adiciona a esses predicados esforço pessoal, trabalho duro, investimentos e tecnologia, acontece sempre um tipo de revolução, como, no caso, efetivamente está ocorrendo.

Aquela gente que lá explora a terra e empreende uma das últimas epopeias, gloriosas, da fronteira agrícola brasileira e do mundo é dotada e impulsionada por esses sentimentos, ou convicções. Cada crença tem seu Deus e a determinação pode tornar iguais todos os fiéis. Uns mais que outros. Lá no Oeste da Bahia tem uma gente especial. Determinada e que acredita no que faz.

Sob um intenso calor de 50 graus, uma atmosfera carregada de poeira vermelha e um cotidiano que mais parece o do velho oeste americano dos anos 20 do século passado, fora as intempéries, aquele pedaço de terras baianas já tem história. E que história...

A cidade mais importante e tradicional dos 27 municípios que compõem o chamado alto São Francisco, onde estão localizados os afluentes da margem esquerda do rio São Francisco é Barreiras. Lá está localizado um bom aeroporto, inicialmente construído pelos americanos aonde sua aviação fazia base para chegar a Natal, capital do Rio Grande do Norte na época da Segunda Guerra mundial.

Aquele “império” pertencia à Bahia ainda na época das capitanias hereditárias. Depois foi anexado a Goiás que o enjeitou um século depois. Em seguida foi anexado ao Estado do Maranhão e algumas décadas depois voltou a pertencer ao Estado de Goiás, e nos anos 20 do século passado voltou finalmente a pertencer ao Estado da Bahia, onde até hoje está. Toda a região não alcança 500 mil habitantes e está distante de Salvador mais de mil quilômetros por estradas. A referencia de capital para aqueles habitantes é Brasília de onde estão há 800 quilômetros de distância.

Durante décadas Barreiras foi conhecida, pelo aeroporto e por ser a terra de um baiano baixinho e magro que se tornou governador da Bahia e um grande jurista. Sabido, inteligente e esperto Antônio Balbino acabou virando carioca depois de governar a Bahia. Instalou-se no Rio de Janeiro como advogado e preferiu ganhar dinheiro na Rua da Assembleia, no Centro. Morou em Copacabana na Rua Viveiros de Castro, onde faleceu. Um dos seus grandes feitos foi apadrinhar um então jovem médico, chamado Antônio Carlos Magalhães, o ACM, conhecido de todos.

Barreiras com cerca de 200 mil habitantes respira desenvolvimento econômico em suas ruas. Seu transito é caótico, como de qualquer outra grande cidade. Todas as concessionárias de automóveis do país lá estão instaladas. Os preços de quartos dos seus hotéis rivalizam com os hotéis de Brasília e São Paulo. Seu melhor hotel não tem janelas nos quartos. A cidade é carente de tudo, De urbanização, onde o esgoto escorre a céu aberto a todo o tipo de infraestrutura.

A segunda cidade mais importante da região é Luís Eduardo Magalhães, antes conhecida como Mimoso do Oeste. Lá está localizada a maior revendedora de tratores do mundo. Menos populosa e mais jovem que Barreiras foi uma cidade planejada. Às oito da noite suas ruas já estão desertas. Parece uma cidade onde sua gente vive durante o dia para trabalhar e, ao anoitecer, vai para casa cedo em busca do descanso necessário à recuperação das energias. Sua atmosfera também é de riqueza. E do ponto de vista urbano é a melhor delas.

Como na vida nada é perfeito é lamentável um fato comum a todas as 27 cidades daquele oeste e mais as vizinhas localizadas no Tocantins, no Maranhão, no Piauí e Goiás: todos despejam seus esgotos nos rios. Andando de avião pequeno, sobrevoando o curso dos rios vê-se a olho nu o crime ambiental que essas cidades cometem.

Por lá a internet é também ruim e o celular é péssimo; falta energia e as estradas vicinais são de barro. Nada disso intimida os empreendedores. O falta mesmo e faz muita falta é presença dos governos em todas as esferas.

Os agricultores, porém, não desistem. Nem mesmo diante do fato de que seus caminhões que transportam as safras para os portos de Santos e Paranaguá (cerca de cinco mil quilômetros de distância) terem lugar certo para serem assaltados no interior de São Paulo. Quadrilhas especializadas no roubo a cargas de algodão agem em plena luz do sol.

Hildeberto aleluia é jornalista e está estudando e conhecendo o Oeste da Bahia

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