30 de abril de 2014

GENGIS KHAN - UMA NOVA ORDEM

Como um trovão, um novo grande poder apareceu de repente no cenário mundial, no século XIII. De seu inicio como um insignificante reino situado no norte da Ásia Central, tribos mongóis nômades foram unidas em um enorme império sob um grande líder chamado Genghis Kan. Ele forjou essas tribos em um formidável instrumento militar, dedicado exclusivamente à conquista. Todos os homens mongóis eram alistados no exército quando atingiam a idade de 14 anos, um exército aprimorado em um poderoso instrumento por meio de constante treinamento. Composto por mais de 60 por cento de cavalaria e armado com um poderoso arco composto, capaz de matar a uma distância de até 350 metros tinha uma mobilidade sem precedentes. Era capaz de cobrir até 1.500 milhas em dez dias.

Assim, na página 82 do livro A HISTÓRIA DA ESPIONAGEM (o mundo clandestino da vigilância, espionagem e inteligência, desde os tempos antigos até o mundo pós 9/11) ano de 2013 lançado no Brasil pela Editora Escala Ltda ( www.escala.com.br ) escrito por Ernest Volkman, um premiado correspondente nacional da Newsday nos EUA, e notável autoridade sobre assuntos de inteligência e segurança nacional e autor de mais de duas dezenas de livros e trabalhos sobre esses temas começa sua narrativa sobre a saga do Genghis Kan.

Ainda na página 52 ele relembra: “o poder militar mongol foi reforçado pela insistência de Khan de que seu exercito nunca iria fazer um movimento sem completa inteligência sobre seus inimigos. Criou um sistema de espionagem de dois níveis. Um nível era de unidades de reconhecimento altamente treinadas, que observavam as forcas inimigas e as rotas de marcha. O outro era formado de oficiais do estado maior, aos quais era atribuída a tarefa de vasculhar todas as fontes disponíveis para a inteligência. Distribuindo fundos generosos para comprar tudo o que precisavam, os especialistas em inteligência de Khan conseguiam informações de viajantes, mercadores e peregrinos religiosos. Elaboravam esse material em detalhados relatórios de inteligência, verbais, que contavam aos comandantes de campo tudo o que precisavam saber. Se uma forca mongol estava prestes a atravessar uma ponte, com certeza já possuía um relatório de inteligência sobre a largura da ponte, o peso máximo que poderia suportar e se o inimigo pretendia defendê-la.

No auge de sua existência, ano de 1220, Genghis Khan já dominava quase toda a Ásia Central, e seu lugar preferido para passar os verões era o famigerado, ainda hoje, Afeganistão. Era lá também onde gostava de encontrar seus xamãs preferidos e buscar orientação para suas próximas jornadas. Nem esse guerreiro bárbaro e cruel ousou mexer nos dois grandiosos Budas de arenito de quarenta e cinco metros de altura cada um que se destacavam dos penhascos das montanhas de Bamian a noroeste de Cabul, estátuas milenares que ornavam a entrada de uma caverna no caminho da capital do Afeganistão. Os Talibãs, de hoje, em 2001, quase novecentos anos depois não hesitaram um minuto para dinamitarem e tornarem pó milênios de história, sob o escudo do islã.

O exército mongol não parava. Seu fundador e comandante supremo já não mais existia em 1241 quando eles bateram às portas da Europa invadindo sua parte oriental o que equivale hoje à Hungria e Polônia sob o comando de um dos filhos do Khan, provavelmente Ojedei, um dos seus primeiros sucessores e que pouco viveu. Segundo o livro A HISTORIA DA ESPIONAGEM, na página 53,“os mongóis derrotaram todas as forças enviadas contra eles desencadeando o que só pode ser descrito como um pânico generalizado em toda a Europa. O pânico era causado em grande medida por pura ignorância. Gracas ao total descaso europeu pela inteligência, não houve aviso prévio de que a mais poderosa força militar, que o mundo já tinha visto, estivesse prestes a varrer toda a Europa. Todos os europeus sabiam que havia muitos mongóis em algum lugar lá fora, e aparentemente eram invencíveis. Quando a Europa estava em perigo de destruição o milagre aconteceu: com a morte do filho e sucessor os comandantes mongóis mais antigos retornaram apressadamente com seus exércitos para a Mongólia. Os sinos das igrejas soaram por toda a Europa saudando esse dramático evento. Os teólogos concluíram que somente a intervenção divina poderia explicá-lo.

E ainda segundo Volkman, na página 52, o poder militar mongol era reforçado pela “insistência de Khan de que seu Exército nunca iria fazer um movimento sem completa inteligência dos seus inimigos. Criou um sistema de espionagem de dois níveis. Um nível era de unidades de reconhecimento altamente treinadas que observavam as forças inimigas e as rotas de marchas. O outro era formado de oficiais do estado maior aos quais era atribuída a tarefa de vasculhar todas as fontes disponíveis para inteligência. Distribuindo fundos generosos para comprar tudo o de que precisavam, os especialistas em inteligência de Khan conseguiam informações de viajantes, mercadores e peregrinos religiosos”.

Nesse mesmo capítulo, na página 53 Ernest Volkman conclui:

- o desastre causado pelos mongóis foi instrutivo. Os europeus passaram a dedicar tempo e esforço para descobrir o que estava acontecendo no resto do mundo. Sempre haveria a possibilidade de alguma ameaça desconhecida emergir para destruir uma Europa despreparada.

Pois foi exatamente essa nova forma de pensar que enraizou-se, especialmente na Igreja Católica “embora a razão tivesse mais a ver com religião do que com inteligência observa Volkman. As invasões mongóis tinham deixado o Vaticano ciente de que havia, sem dúvidas, grandes civilizações em algum lugar distante do leste, terreno fértil para a conversão de novas almas. Então, missionários começaram a trilhar o caminho do leste após as informações colhidas pelo navegador e aventureiro MARCO POLO.

Na página 54 do livro A HISTORIA DA ESPIONAGEM Volkman faz uma brilhante síntese do salto da evolução humana para a Idade Média, e lá estão espionagem e informação como os pilares básicos das transformações que viriam a mudar o mundo ocidental:

-os primeiros missionários que finalmente chegaram à China passaram a enviar relatórios impressionantes sobre as maravilhas encontradas tais como: impressão, tecido de amianto à prova de fogo e a seda. Logo perceberam que os missionários poderiam realizar uma segunda missão e coletar informações para uma segunda missão e coletar o que hoje chamamos de inteligência técnica, tipo de informação de imenso valor para a economia emergente da Europa. E assim os missionários roubaram o processo de fabricação do bicho da seda a partir do momento em que as autoridades locais permitiram que eles visitassem as instalações de produção. Furtaram alguns ovos bicho-da-seda e os esconderam dentro de suas bengalas. Em outra operação um missionário roubou o igualmente secreto processo de fabricação da porcelana chinesa fingindo ser um monge ignorante com perguntas ingênuas a seus anfitriões que não o notaram embolsando uma amostra de “argila da China” que era o verdadeiro segredo do processo de fabricação da porcelana.


Assim ele vai detalhando como o processo de desenvolvimento tecnológico daquela Europa se deu com o triunfo da espionagem dos missionários numa China governada pelos descendentes de Genghis Khan. Os fogos de artifícios que encantavam o Imperador chinês nas festas populares. Amostras daqueles artifícios foram enviadas por navio para o ocidente, incluindo uma que acabou na investigação cientifica do frade inglês, Roger Bacon. “Bacon tomou o tubo e dele extraiu um pó que era uma mistura de salitre e outros produtos químicos. Percebeu que aquele produto preto seria transformado em arma terrível que faria parecer pequena qualquer coisa que o mundo já tinha visto. E essa descoberta iria dar a Europa a grande e única vantagem tecnológica que lhe permitiu dominar o mundo”.

A espionagem daria ali o seu primeiro grande salto para ser a peça fundamental na história do poder mundial até nossos dias.

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