10 de novembro de 2011

UM NEGÓCIO DIFERENTE. BEM DIFERENTE.

O mais interessante, e até engraçado, nesse mundo da tecnologia da informação que abastece Estados e pessoas na guerra do chamado ciberterrorismo, é que a luta se dá nos bastidores, na mais completa escuridão. Jamais veremos anúncios, linhas de produção ou compêndios enaltecendo essa ou aquela marca, destacando esse ou aquele processo de produção, ou exaltando esse ou aquele engenheiro ou técnico da linha industrial.

Tampouco saberemos preços e condições de entrega do produto acabado. E outras vezes um produto é lançado na rede por um, ou por um grupo de hackers, ou crakers, das dezenas que proliferam pelo mundo sem nome e sem endereço e jamais saberemos quem são.

Muitas vezes aquele produto foi criado por uma mente genial, que chegou a fazer uso, e em seguida o processo vai para o lixo, não gerando e nem deixando rastros de conhecimento para uma evolução tecnológica tal e qual estamos habituados a conhecer. Doido mundo esse.

E tem mais. Esse doido mundo, em sua grande maioria, é habitado por adolescentes e jovens até os 30 anos de idade. E mais de 90 por cento deles são do sexo masculino. Trata-se de um mundo anônimo em que nem sempre o dinheiro e o poder são os impulsores do desenvolvimento. Quando se trata de hackers, ou crakers, na maioria das vezes, o impulso é apenas a criatividade ou o desejo de bisbilhotar e destruir.

Outro aspecto impressionante é a forma como atuam. Às vezes, solitários, num quarto de uma residência qualquer, num dos quatros cantos do mundo. Outras, organizados em grupo semioficial e a serviço de outro grupo ou mesmo um Estado, como no caso da Coreia do Norte. Alguns são altamente organizados, e com nomes conhecidos, tais como os grupos Anonymous e o Lulzsec. Estes dois, nos dias atuais, vêm mobilizando todo o aparato de inteligência e investigação do mundo ocidental na defesa contra suas atuações e em busca de seus membros, atores principais do crime cibernético e personagens atuantes das recentes invasões de redes de empresa e países em todo o mundo.

De acordo com levantamento realizado por uma equipe de repórteres do Wall Street Journal, em dezembro do ano de 2010, uma equipe da polícia holandesa irrompeu no quarto de uma residência modesta de uma pequena cidade no interior da Holanda e lá surpreendeu um personagem vestindo as calças, às pressas, para fugir. Não deu tempo.Tratava-se de Martijn Gonlag, jovem de 19 anos de idade, detido sob suspeita de participar dos ataques na Internet de um grupo autodenominado de Anonymous. Interrogado, admitiu haver participado de várias investidas contra sites e que tinha mudado de ideia quando percebeu que seus parceiros estavam por adotar táticas mais agressivas de atuação. Surpreendentemente disse à polícia que estava percebendo que “as pessoas estavam ficando cansadas dos hackers”. Mas advertiu, no mesmo depoimento, que o Anonymous é incontrolável. E mais surpreendente ainda foi admitir que ele próprio havia se tornado alvo dos antigos comparsas e passou a ser caçado numa sala de bate-papo que ele dirige. Como vingança,claro.

A mesma reportagem do Wall Street Journal também informa que as autoridades do Reino Unido, Holanda, Espanha e Turquia já prenderam mais de 40 supostos integrantes do Anonymous. Diz também que nos Estados Unidos está em andamento uma longa investigação em busca de membros do grupo em território americano.

É uma tarefa difícil e ardorosa. Na mesma matéria, um tal de Gregg Housh, designer de sites, de 34 anos de idade e morador de Boston, Massachusetts, depõe informando que o Anonymous é mais uma ideia do que um grupo:

- Não há um único grupo. Não há um site.

Sem endereço e membros fixos, a turma se reúne nas salas de bate-papo onde se articulam e definem alvos, e até adotam causas, como a do WikiLeaks. O mesmo Gonlag admitiu no seu depoimento na polícia que foi motivado pelo site a se juntar à turma que decidiu vingar o WikiLeaks, mobilizando e desferindo ataques as autoridades e governos que investigam e pressionam o site do sueco Julian Assange para revelar fontes e suspender a divulgação de documentos secretos pertencentes ao governo americano. Promotores, policiais, diplomatas, investigadores e advogados tiveram seus endereços de e-mails invadidos e devassados por alguns membros do grupo.

Outro grupo, o LulzSec, também investigado e procurado por autoridades em diversas partes do mundo, não age muito diferente. Seus participantes são tão ou mais ousados e desafiadores que até comunicados na Internet sobre sua atuação eles publicam.

Agora esses grupos aqui citados, e outros da net, anunciam a criação de sua própria rede. O Anonymous chegou a divulgar um comunicado em que advertia que a sua própria rede “não será desligada, nem censurada e nem oprimida”. Isso é que estamos loucos para ver.

Um comentário:

  1. Aleluia,
    esta rede de anonimous, secretous, invisivious é assustadorius.
    parabéns pelo artigo.

    Ana Maria Rocha

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