1 de setembro de 2015

O UBER E O TÁXI

A evolução tecnológica fez aflorar umas das chagas do transporte publico no Brasil: o serviço de táxi. Outrora um serviço profissional e distinto, nas capitais tornou-se um curral que abriga um vergonhoso sistema de concessão de favores onde os agentes do Estado habilitam nas ruas quem não está preparado para prestar o serviço além de conceder licença para veiculação de carros velhos e serviço caro.

Quem anda de táxi em Brasília, ou Salvador na Bahia, por exemplo, sabe bem o preço que paga. Na capital baiana a corrida de táxi do aeroporto para o Centro da cidade não custa menos de R$ 100,00 ( cem reais) em táxi comum. Carros velhos, embolorados, e motoristas desatentos. Parece que sabendo do mal e caro serviço que prestam é comum assediarem passageiros para o aeroporto nos pontos de ônibus ao longo da orla marítima da cidade oferecendo retorno pela metade do preço e às vezes menos. Quem tem paciência, e tempo pode aguardar pelo ônibus a R$ 25,00 reais.

O serviço do UBER surge para nós, brasileiros, como uma espécie de “delação premiada” ao prestar um bom serviço e ao mesmo tempo expor as mazelas desse serviço publico que a gente tem conhecimento, mas releva. Quem ameaça com a pena é o Estado punindo ninguém menos que o passageiro quando ameaça proibir o uso do aplicativo, em benefício do taxista. Esse que a gente conhece cada vez menos profissional. O setor é de um improviso sem precedentes.

Outro dia aboletei-me na traseira de um táxi em Brasília. O motorista tinha vindo do interior de Goiás onde era tratorista. Nada contra. Não conhecia a cidade, tinha horror a GPS, dirigia com enfado e fez cara feia para ligar o ar condicionado. Ganhou a concessão por influencia de um político distrital.Logo na capital federal onde táxi não circula nas ruas e é um dos serviços de táxi mais caros do Brasil. Azar do passageiro. Sorte a dele.

Da mesma forma é um azarado aquele que desembarca num dos aeroportos do Rio de Janeiro. Cidade de transporte publico deficiente e onde reina a desordem no serviço de táxi. Não é um problema das autoridades atuais. Vem de longe. Ou são as “máfias” que operam no desembarque onde o passageiro é abordado dentro do aeroporto ou são aqueles motoristas que perguntam ao passageiro onde ele deseja ir. Se coincidir o destino o motorista aceita a corrida. Muitas das vezes o preço não é o do taxímetro. É no “tiro” como dizem na gíria. Preço fixado por eles. Isso é pouco para o passageiro que necessita de um táxi na Rodoviária Novo Rio. Lá o serviço de táxi beira o banditismo. Recentemente ouví de uma passageira que ficou tão assustada com a abordagem que preferiu o ônibus com todos os riscos conhecidos.

Existe ainda a balbúrdia dos famosos “pontos de táxi”. É o lugar onde ficam “plantados” em rodinhas de conversas e costumam escolher o destino. A autoridade publica da cidade do Rio de Janeiro habilita esses “pontos” em ruas da zona sul da cidade próximas a hotéis nas esquinas das ruas de praia e a preferencia deles é pelo passageiro que se destina aos aeroportos. A maioria dos motoristas são aposentados, dirigem carros velhos, não gostam de ar condicionado e foi premiado com a licença obtida com a ajuda de algum político e vale uma pequena fortuna. Como sabemos trata-se de um monopólio cartorial com a bença dos que necessitam de votos. O Rio de Janeiro é uma cidade onde a autoridade não consegue disciplinar o serviço.

O transporte publico é uma das mais velhas fontes de corrupção na nossa Republica. E aí se inclui o táxi. São Paulo e Rio não estão sozinhas. De Cuiabá a Salvador ( um dos piores serviços de táxis) de Vitória a Porto Alegre, de Manaus a Natal, de Florianópolis a Belo Horizonte, de Goiania a Aracajú, em todas as capitais o serviço é gerido por uma “máfia” desorganizada, incompetente, sem nenhum profissionalismo e a face mais visível da ineficiência é o apadrinhamento e o descaso.

O UBER veio para ficar. Seu valor patrimonial em bolsa já ultrapassa os 20 bilhões de dólares. Faz parte da nova economia onde os bits valem mais que a força do braço em ação. É bom que a autoridade publica vá se acostumando. Esse é apenas o primeiro passo de um serviço que destroi as velhas panelinhas que não respeitam o consumidor. Outras estão a caminho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário