12 de novembro de 2014

O OESTE DA BAHIA

É voz corrente entre eles mesmos que o agricultor brasileiro é muito bom da porteira para dentro. Da porteira para fora é um fracasso. E é a mais pura verdade. São eficientes no plantio e na colheita, como também em produtividade quando chegam até a superar níveis dos melhores países do mundo como Estados Unidos e Austrália.

Na soja e no algodão somos quase que imbatíveis. Mas na hora de reivindicar direitos, gritar por créditos, de mostrar ao país o quanto o agronegócio é importante, nem os produtores e nem o Ministério da Agricultura sabem como fazer. O resultado é um esforço heroico para produzir, armazenar, transportar e vender.

Apenas o oeste da Bahia, numa região também conhecida como Alto São Francisco que congrega 27 municípios e onde se destacam as cidades de Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, São Desiderio e Formosa do Rio Preto, produzem cerca de cinco por cento do PIB ( Produto Interno Bruto) agrícola brasileiro, e quinze por cento do PIB do estado da Bahia.

As estradas são precárias, não tem energia, o celular e a internet são deficientes, não existem armazéns para que os produtos aguardem preços melhores e o escoamento, quase cem por cento, é feito por via rodoviária. Apenas para escoar a safra de soja de um dos produtores de Formosa do Rio Preto são necessários 50 mil caminhões.

Se todo esse esforço não bastasse, os agricultores daquele eldorado são obrigados a conviverem com grileiros, assaltantes de insumos agrícolas e uma justiça omissa que não decide os muitos processos de reintegração de posse. A região é tão isolada e desprotegida que os juízes têm medo de decidir as graves questões fundiárias que assolam a região.

Dois por cento da produção do oeste baiano eram transportados por via fluvial chegando até o rio São Francisco. Todos os afluentes da margem direita do Rio estão secos diante da grave estiagem que assola a região. É o suficiente para a mídia do centro sul do País atribuir ao agronegócio a gravidade da situação. Ignorância e desinformação mais uma vez tomam o lugar da verdade.

Todo o agronegócio do oeste baiano está situado na margem esquerda do São Francisco onde os afluentes, apesar da seca, continuam caudalosos e são os responsáveis pela pouca quantidade de água que ainda abastece “o velho Chico”.

É mentira que o agronegócio seja responsável pela emissão de gás carbônico. É mentira que o agronegócio não preserva o verde e é mentira que o agronegócio não preserve a natureza. Quem duvida vá até lá conferir. Quem destroe os rios são as cidades. Todas elas jogam seus esgotos nas águas dos afluentes da margem esquerda.

Nenhum ecologista, nenhum “verde”, nenhum defensor do ecossistema levanta sua voz contra esse crime. É uma pena que o Brasil desconheça o que o Oeste da Bahia tem.

Hildeberto aleluia é jornalista e está conhecendo e estudando o oeste baiano.

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