20 de março de 2014

VOANDO NAS AEREAS DO BRASIL

Passageiro experiente, seja de aviação ou qualquer outro tipo de transporte, em país subdesenvolvido sabe que vai sofrer. Geralmente paga caro pelo transporte e sabe que o conforto e bons serviços não estão no pacote. É o caso do Brasil, apesar de sermos a sétima economia do mundo. Se você necessita viajar numa emergência e vai para o aeroporto nas primeiras horas da manhã para comprar o tíquete no aeroporto é quase certo que ficará no chão. Ninguém explica o porque. Mas o pessoal de venda nunca está a postos nos aeroportos brasileiros nas últimas horas da madrugada.

Aqui no Brasil não se vende passagem no mesmo guichê do check-in. Ninguém sabe porque. E na véspera do voo, só até à meia noite a possibilidade de compra do bilhete pela Internet está disponível. Após a meia noite esqueça. Vá direto para o aeroporto. E lá espere para depois das oito da manhã. Antes disso você não resolverá sua urgência. Salvo dias e acontecimentos especiais. Mas é muito difícil encontrar aberto o balcão de venda das aéreas brasileiras em qualquer de nossos aeroportos antes das sete, oito horas da manhã.

Nas médias cidades, onde as instalações dos aeroportos são acanhadas, e onde costumam sair vários voos ao mesmo tempo, esteja atento. Em Ilhéus, na Bahia, o aeroporto é minúsculo. Incoerentes e contrariando regras elementares de logística, os voos, todos, chegam e partem ao mesmo tempo, na mesma hora. Avianca, TAM, Azul e Gol amontoam seus passageiros numa pequena sala, muitas das vezes sem ar condicionado, e na hora do embarque é um Deus nos acuda. São apenas dois portões e o embarque é feito caminhando. A maioria fica tonta sem saber para que avião seguir no meio do burburinho, especialmente os de primeira viagem. Chega a ser uma cena divertida, patética. Mais parece embarque de fugitivos de guerra ou de catástrofes. No dia 5 de fevereiro de 2014 a sala do aeroporto Jorge Amado, como é chamada o de Ilhéus estava superlotada. Vários passageiros ficaram esperando a chamada do embarque, pelo sistema de som, do lado de fora da sala. Resultado: alguns ficaram no chão. O embarque foi realizado sem chamada e os passageiros da GOL ficaram a ver as nuvens.

Obrigatoriamente você é forçado a comprar sua passagem, em todas elas, principalmente na GOL e TAM, na Internet, navegando pelo sistema operacional Windows Internet Explorer. Este já não é mais o primor de navegação do passado. O sistema trava constantemente e você tem que se munir de paciência para a operação de compra. Se você liga e reclama com a companhia, a atendente lhe dirá: “nosso sistema funciona melhor com o Internet Explorer”. Isso as empresas fazem para economizar. Porque não em todos os sistemas operacionais de navegação? Deveria ser obrigatório.

Se não conseguir você será direcionado para o 0800 da empresa. Este jamais estará disponível e sem nenhum constrangimento você terá que ir para o 0300 onde a ligação é paga, além de uma taxa pelo atendimento. E você não é avisado disso no site. Na ligação para o 0300 eles te mandam ir para o site avisando que lhe será cobrado uma taxa de atendimento por ali. Mas se o site está com problemas você não terá alternativa se necessitar emitir seu bilhete naquele dia e hora. Isso sem contra as “pegadinhas” que existem por lá como seguro de viagens e outras.

Se por uma razão qualquer você não conseguir comprar sua passagem pela Internet e se dirigir à uma loja das aéreas, mesmo no aeroporto, lhe será cobrado uma taxa de até 100 reais pela transação.

Não existe nenhum aviso nem advertência sobre isso nos sites das empresas. Se por qualquer motivo o voo atrasar, paciência. Se atrasar mais de 3 horas existe penalidades para as aéreas tais como fornecimento de refeições gratuitas e em alguns casos táxi e hospedagem e mais algumas poucas compensações. Mas se você perder o voo por qualquer razão, mesmo que por minutos de atraso, vai ser penalizado em uma multa para remarcação do bilhete. Mesmo que a cidade esteja inundada. Se a passagem foi comprada sob a rubrica do PROMOCIONAL, às vezes é melhor comprar outra diante do tamanho da multa.

Na hora de marcar o assento pela Internet, na maioria das vezes estão quase todos bloqueados, como se o avião estivesse lotado. Se você não pedir um assento de sua preferência no check-in, depois do embarque constatará que os assentos estavam bloqueados à toa. Raramente os embarques são feitos de acordo com as regras internacionais da IATA (International Air Transport Association- Associação Internacional dos Transportes Aéreos) a entidade internacional que regula o transporte aéreo no mudo.

Primeiro devem ser embarcados os passageiros com assentos marcados no fundo da aeronave, depois os do meio e só então os assentos marcados nas primeiras fileiras. Isso evita desconforto, confusão na arrumação das bagagens de mão e atraso na decolagem. Quase nunca isso é observado. O que se constata é uma baita confusão nos embarques, especialmente naquelas aeronaves cujo embarque só é feito pelas portas traseiras. Esse aviões só estão disponíveis nas chamadas rotas de terceiro nível, aquelas do interior do país.

Se o passageiro deseja realizar uma viagem de lazer ou trabalho, por exemplo, saindo do Rio ou São Paulo com a seguinte rota: São Paulo – Rio – Salvador – Maceió – Natal - São Paulo você só conseguirá fazer este roteiro pagando tarifas de uma cidade para outra cidade. Não existe a tarifa única, nem barata, nem cara, com as escalas pretendidas. Pelo menos na Internet. Mas em qualquer companhia estrangeira posso tirar um bilhete Rio – Lisboa - Paris – Roma – Lisboa - Rio sem ter que pagar pelas escalas.

Mais ainda. Você está em algum lugar do Brasil embarcando para Rio de Janeiro ou são Paulo, cidades que possuem dois aeroportos. Mesmo com bilhete de tarifa cheia, ou seja, o mais caro, você está originalmente destinado ao Galeão ou Guarulhos. Descobre que naquela mesma hora existe outro voo da mesma empresa com destino ao aeroporto Santos Dumont ou Congonhas. Você decide trocar de aeroporto. Vai pagar, em alguns casos, mais caro que a passagem para realizar essa troca. O mesmo acontece se o desejo for inverter os aeroportos. Não importa se o voo está vazio.

Se você comprar um bilhete para voar de Vitoria da Conquista (interior da Bahia) para São Paulo ou Rio de Janeiro, rotas que são feitas pela Azul e pela Gol, a passagem nunca custará menos de oitocentos reais (as mais baratas com horário de saída às 4 horas da madrugada) e em alguns casos você ficará ate oito ou dez horas voando, com escalas cansáveis e desnecessárias em diversos aeroportos.

Endosso de passagem jamais. O que já foi uma prática comum nos tempos de Varig, Vasp e Transbrasil, hoje é impossível. Por uma razão qualquer você tem um bilhete da Azul e naquela hora e naquele dia o voo é da TAM. É comum, no exterior, uma companhia aceitar o bilhete da outra, desde que seja endossado pela emitente. Aqui nem pensar. Se não puder voar no combinado, pague multa e escolha outra data.

Os programas de milhagens não possuem regulação no Brasil. Não há Lei e nem fiscalização para eles. Cada um faz suas próprias regras e o que muito bem entende. Os sites desses programas são uma panaceia e o passageiro cuide de ficar de olho nos créditos de milhas. Do contrário elas voam sozinhas. Somente os pontos voados são convertidos cem por cento em milhas. Aqueles pontos que são transferidos do seu cartão de crédito para seu programa de milhagem preferido sofrem uma redução na hora de serem transformados em milhas, em alguns casos de até 25 por cento. Suponhamos que você transfira mil pontos. Serão creditado somente 750 milhas. Isso no caso da TAM e da GOL, porque na AVIANCA e na AZUL as regras já são outras, e bem menos compensadoras.

O programa de milhagem da TAM é uma barafunda sem tamanho. Na companhia você marca seu numero sob uma bandeira chamada FIDELIDADE. Depois esses pontos são transferidos para outra bandeira pertencente à outra empresa chamada MULTI PLUS. E o mesmo numero não vale para os dois. E nem a senha. Em cada um uma identificação diferente.

Passagem barata não existe mais. Ou , quando existe, promoções, são em cima da hora e na data e horários que a companhia oferece. Tudo que foi descrito aqui se restringe às companhias aéreas. Esqueçamo-nos dos aeroportos. Se falar deles desistimos de viajar. Imagina na Copa? Ah, e tem tal de ANAC (Agencia Nacional dos Transportes Aéreos) que foi criada para regular o setor. Tente entrar no site dela. Se for para reclamar, desista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário