2 de agosto de 2011

BANCOS BRASILEIROS? NÃO CONFIEM NELES

Não confiem em bancos brasileiros. Especialmente no Banco do Brasil e no Itaú. Fui assaltado pelos dois. Resta-me agora o caminho da justiça. Reparação? Sabe Deus quando virá. Contribuinte, consumidor são apenas “fregueses” dessa formidável máquina institucional que funciona no Brasil, livremente, com leis e entidades fiscalizadoras que não funcionam. Com as leis, eles enganam e com os fiscalizadores, eles se associam e acabam todos do mesmo lado.

Há mais de dez anos, adquiri um plano de previdência de aposentadoria com renda vitalícia no Banco do Brasil (BB) com a BrasilPrev, sua subsidiária para administração de fundo de previdência privada. Em paralelo, também há muitos anos comprei um fundo na Icatu Hartford Seguros, como o primeiro, com renda vitalícia. Ao longo dos anos, depositei regiamente o estipulado, além de contribuições esporádicas. Formei lá um patrimônio financeiro razoável para as minhas posses.
Desde 2005, quando o governo federal realizou uma série de mudanças no sistema de fundos de previdência, agentes do Banco do Brasil me procuram, pessoalmente ou pelo telefone, oferecendo uma troca de plano. Nunca dei bola. Recentemente fui procurar saber por que eles tanto insistem. Descobri que a modalidade de plano por mim contratada deixou de existir, a partir das mudanças, porque não era mais interessante para os bancos.

No meu plano, em particular, estava assegurada uma renda corrigida mensalmente pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) e mais juros de seis por cento ao ano. Apesar da Taxa de Carregamento ser a mais alta do mercado (trata-se da taxa de remuneração dos bancos que é cobrada sobre o valor da remuneração anual) nove por cento, ainda assim é uma boa aplicação, visto que, nos últimos anos, a inflação foi menor que 6 por cento. E mesmo agora que ela ultrapassa os seis por cento ao ano, ainda é uma boa remuneração para os fundos de previdência. Por essa razão deixou de ser interessante para os bancos. E por isso o BB não me dava sossego tentando fazer com que migrasse para um plano de PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) ou VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Jamais aceitei.

O Icatu Hartford é um fundo pertencente e administrado por uma empresa familiar, no Rio de Janeiro, cuja maior faceta é o seguro de automóveis, entre outros. Lá pelos idos de 2005 correu um forte boato de que iria quebrar. Pedi ao corretor que me fizesse um estudo, pois queria trocar de administrador. Ele me trouxe algumas sugestões e migrei para um outro fundo de previdência, desta vez da Sul América Seguros. Também com renda vitalícia.

Tomem cuidado também com os corretores de seguros. Estes costumam ser o vendedor dos planos de previdência. Além dos gerentes dos bancos, claro. O meu corretor me enganou. Em nenhum momento ele me disse que ao migrar eu estaria perdendo direitos. Perdi a vitaliciedade do plano e entrei de gaiato num PGBL com a afirmação dele que também seria vitalício. Nunca foi.

Aos 61 anos busquei os bancos para informações sobre a aposentadoria. Fui a cada um deles e solicitei, por escrito, um cálculo para aposentadoria aos 65 anos se caso migrasse de um para outro. Pronto, foi a senha para o bote. Como gangsteres, numa noite escura, o Banco do Brasil transferiu o meu saldo para a conta do Itaú, sem minha autorização, e encerrou a minha conta. É a prova inconteste de que se trata de um oligopólio agindo à revelia das leis e da fiscalização. No dia seguinte, corri ao caixa do BB e fiz depósitos na conta que foram aceitos. Mesmo assim eles informavam que a conta estava encerrada. Dias depois, me comunicaram que aqueles depósitos estariam sendo transferidos para a minha conta corrente. Fui ao Itaú e o gerente aparvalhado me garantia que teria sido “uma falha de São Paulo” e logo meus recursos estariam de volta ao BB. Esperei. Nada. Tentei encontrar uma alternativa no Itaú que me proporcionasse renda vitalícia. Na mesma agência, a gerente de contas, me informava que o PGBL só é válido por 10 anos, ao final dos quais o saldo estaria zerado, pois o mesmo seria devolvido mensalmente, no período, como aposentadoria. Ela não sabia informar, mas o PGBL é apenas mais uma modalidade à escolha do cliente.

Desinformada ou de má fé, o que é inadmissível para uma instituição como o Itaú manter uma gerente que desconhece os produtos do banco, ela não soube me oferecer alternativas. Foram muitas idas e vindas. Todas as respostas me remetiam a São Paulo. Essa é a saída mágica deles tentando encobrir a ignorância ou ineficiência. A modalidade vitalícia existe e permanece nos planos como Renda Vitalícia com Prazo Mínimo Garantido ou Renda Vitalícia Reversível ao Beneficiário Indicado. Só fui saber disso depois, em minhas pesquisas, movido pela indignação.

Além de larápios e mal informados são desorganizados. Mesmo com a conta encerrada, alguns dias depois recebi uma carta do BB me cumprimentando por haver transferido meus recursos do Itaú para a conta do BB. Aconteceu exatamente o contrário. Fui ao gerente do BB e mostrei-lhe a carta. Pasmo ele disse que não sabia o que tinha acontecido e que eu deveria ligar para São Paulo, num zero oitocentos.

No Itaú, passados 30 dias do episódio, e até hoje, ninguém me informa o que se passou. Desisti. A partir de um determinado momento os agentes nada sabem, perdem o controle, e o que me resta é peregrinar por telefones com funcionários que apenas sabem informar que sua conta está encerrada.

Só me restou procurar um advogado, gastar um bom dinheiro, e esperar sentado pela justiça. Se é que ela um dia virá. A antiga SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) órgão responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguros, a quem cabe fiscalizar toda essa canalhice, não funciona. Fiz lá uma reclamação de um outro plano, da Colmeia, há mais de 20 anos. A empresa faliu e nunca recebi uma resposta. É assim que a banda toca. Não acredite neles, jamais.

ALELUIA HILDEBERTO É JORNALISTA

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