15 de fevereiro de 2010

O BRASIL E A BANDA LARGA

Dos 12 milhões de computadores que a indústria brasileira vai vender neste ano de 2010, cerca de 2 milhões de unidades serão compradas por aqueles que ganham até 800 reais por mês. É a classe dos mais pobres adentrando o mundo da internet na compra à prestação na base de 100 a 200 reais/mês. Esse internauta, em sua maioria, mora no morro ou na periferia das grandes cidades. Não tem acesso à banda larga e muito mal acessa a internet discada. Se para nós que estamos no topo da pirâmide social a banda larga é cara e ruim, imagine para as classes baixas. O serviço de banda larga no Brasil é um dos mais caros do mundo. E você bem sabe quando tem problemas técnicos, em casa ou no trabalho, a morosidade e a ineficiencia com que atuam os fornecedores. É um horror.O serviço é tão defciente que a ruindade chega a ser reconhecida pela ANATEL,a agencia reguladora do setor. Em matéria de eficiência neste quesito banda larga estamos atrás até da Bulgária, segundo a Organização das Nações Unidas, a ONU.

Mas a inclusão digital no Brasil necessita urgentemente da universalização do serviço de banda larga. No Rio e em São Paulo, principalmente, o objeto do desejo de quem mora na favela ou periferia é o gato-net, não mais para a TV a cabo e sim para a conexão de internet. Uma assinatura costuma atender a dez moradores. Tem usuário que assina a internet discada e a distribui para outros nove num processo de revenda com horários para uso determinado. Isto onde a rede telefônica permite, claro. Esta é a maior evidência de que o computador nivela todas as classes quando o assunto é informação pela web. E hoje é impossível acessar qualquer degrau, seja de educação ou social, sem a ajuda da web. E as classes menos favorecidas têm consciência disso.

Apenas 20 por cento dos domicílios brasileiros estão integrados à rede de banda larga. Com a entrada das teles no mercado de TVs por assinatura elas estão vendendo um pacote de TV junto com banda larga a preços ditos populares. Mas ainda é muito caro para as classes C, D e E. Mas vende como pão quente.

E o governo começa a tomar consciência do problema. Sabe que o país inteiro está ansioso por entrar na rede. Em algumas regiões, mesmo quem pode pagar, não tem acesso por falta de infra-estrutura. E o governo sabe também que é necessário, urgentemente, integrar a rede como suporte de políticas públicas. Para isso a conexão de internet com o provimento em banda larga para universidades, centros de pesquisas, hospitais, postos de atendimentos, tele-centros,delegacias e escolas se dependerem do setor privado vão ter que esperar muito tempo. As teles não tem dinheiro suficiente para os investimentos necessários e na velocidade que a sociedade exige e é essencial e fundamental para a educação a universalização da banda larga com acesso fácil, barato e de qualidade.
Por causa disso o governo vem aí com a criação da TELEBRÁS para operar e implantar uma vasta rede até os rincões do país. Ela atuaria através da rede de cabo e fibra ótica dos órgãos públicos que cederiam esta infraestrutura mediante um contrato. Para isto se fala em diversos números. Eu já ouvi, para os próximos dez anos, que a necessidade de investimentos começa em 10 bilhões de reais e vai até 80 bilhões. Neste momento não resta dúvida que no primeiro ano são necessários 4 bilhões. As Teles não querem ouvir falar desse assunto. Elas falam até em crise institucional se o governo persistir na ideia. Essa queda de braço é que vai determinar o ingresso de uma grande parcela de brasileiros no mundo moderno da internet. Vamos esperar para ver o que irá acontecer.

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