13 de outubro de 2010

A MORTE DA WEB. SERÁ?

A MORTE DA WEB. SERÁ? Pois é essa a novidade dos profetas do mundo digital. Ou melhor, é o que eles desejam: uma nova WEB, talhada de acordo com seus interesses. Ela seria fechada, na base dos aplicativos. Você passaria a navegar em canais fechados e recebendo somente aquilo que os senhores do universo determinam. Como acontece com a velha mídia. Será isso possível? Esses intérpretes que anunciam os novos tempos são homens tão criativos e poderosos que é bom prestar atenção neles. Só ficar de olho como se diz; a crer cegamente é melhor esperar. Berners (inventor da WEB), Jobs (Apple), Ballmer (Microsoft), Bezzos (Amazon), Schmidt (Google), Zuckerberg (Facebook), Gates (Microsoft), Tomlinson (inventor do @ e do software básico de navegação), cada um desses sobrenomes nomeia criações e representa interesses de bilhões de dólares anuais, possibilitados por suas descobertas e aplicações no nosso dia a dia que tornam nossas vidas mais fáceis e prazerosas. Democratizaram o acesso à informação, possibilitaram a revolução mais profunda que a vida do homem já experimentou sobre a terra com essa coisa chamada Internet. Chega a ser assustadora a velocidade com que criam, industrializam e comercializam suas ideias traduzidas em produtos e serviços. Com sagacidade souberam adequar suas invenções à produção industrial e superaram séculos de criação e produção. Uma década já está sendo um prazo longo para nascerem, prosperarem e desaparecerem empresas globais, colossos de faturamento e inovações. Quem se lembra hoje da American Online, a AOL? Mas ela ainda existe. Nem de longe conserva o estupendo faturamento e o musculoso veio de criação que já foi um dia. Seu lugar está ocupado por meia dúzia de outras feras inovadoras como o Google, por exemplo. Se o marco da industrialização e a consequente disseminação do gozo de seus efeitos levou pouco mais de cem anos para estar na vida de bilhões de pessoas, o mundo digital, com sua velocidade supersônica leva meio décimo disso para se recriar e estar na vida de todo mundo. Uma dúzia de nomes no mundo digital movimenta em torno deles valores superiores ao de um PIB (Produto Interno Bruto) de fazer inveja a qualquer grande economia do mundo. Com esse formato, implantaram e disseminaram nos quatro cantos do globo suas ideias e projetos. E todos eles na América. Pois são esses caras, precisamente eles, que estão possibilitando a alguns a interpretação de que a WEB vai morrer. A mesma WEB que sepultou o mundo do disco, do CD e DVD, a mesma WEB que fere de morte o mundo da mídia impressa, que assola feito um furacão o universo do livro, que tirou da TV a coroa de rainha do mundo da comunicação, ela mesma, está agora diante de seu funeral. Mas como isso pode acontecer? Um desses arautos dos novos tempos é a revista americana WIRED, uma publicação do grupo Rupert Murdoch e estrela do jornalismo digital no mundo. Neste mês de outubro de 2010, ela traz como matéria de capa o diagnóstico de que a morte da WEB está próxima. O coquetel de veneno a lhe ser servido se desenrola nos laboratórios do mundo dos aplicativos fechados. Para se entender melhor como isso funciona pode-se explicar que a Internet (rede internacional) foi criada para interligar os computadores do Pentágono ao aparato militar americano em 1968. A rede interna do Departamento de Defesa em 1972 ganha o seu primeiro software básico de email para uma rede chamada Apanet. Foi aí que um sujeito chamado Ray Tomlinsom, nascido em Amsterdam e naturalizado americano, engenheiro de formação, criou o símbolo @ possibilitando a ligação da interface gráfica com formato de endereços que organiza e transmite dados numa leitura universal. A Internet passou a ser o duto, ou a veia principal por onde transita o combustível, o sangue que lhe proporciona vida, A WEB, World Wild Web que em português quer dizer rede de correio eletrônico de alcance mundial foi inventada por Tim Berners-Lee, físico inglês no ano de 1992. A junção desses dois inventos é que veio proporcionar a revolução digital. É pela WEB que transitam os browsers (navegadores). Baseado no fato de que nos Estados Unidos a maioria dos usuários estão migrando do desktop (o PC fixo) para os dispositivos móveis, ela estaria cedendo terreno para os APLICATIVOS em celulares como iPhone e BlackBerry ou em Tablets (computadores de mão) como o iPad. As chamadas redes sociais com seus milhões de usuários também ameaçam. Só para se ter uma ideia aqui no Brasil somos 36 milhões de usuários do Orkut, disparado a rede campeã, chegando a ter num único dia 29,4 milhões de acessos. Em segundo lugar vem a rede Windows Live, o Messenger, com 12,5 milhões de usuários e em terceiro o Facebook com 8,8 milhões. Além dessas redes sociais, nos Estados Unidos é cada vez maior o número de pessoas que aderem aos dispositivos móveis. Assim, o navegador da internet, a WEB, perderia o seu reinado para os aplicativos fechados como o iTunes, da Apple e o Kindle Store da Amazon. Se assim for, aqueles nomes elencados na abertura desse artigo passariam a dominar o mundo, cada um com sua rede fechada e seu respectivo aplicativo como acontece com a TV, com o rádio e a mídia impressa. A grande vantagem da WEB é exatamente o fato de não ser necessário possuir um programa específico para leitura ou envio de mensagens de correio eletrônico. Qualquer computador ligado à internet é suficiente. E não é necessário usar o mesmo computador. Depois da criação de Tomlinson é que foi possível surgir todos esses inventos e empresas que hoje ameaçam o fim da WEB, baseados nos estudos da empresa americana TNS, onde se atesta que os usuários de dispositivos móveis usam 1,5 mais as redes sociais do que o tempo gasto respondendo a e-mails. Essa também seria a solução encontrada por estes senhores para enterrar os browsers (navegadores) onde ninguém paga por nada e obrigarem as pessoas a pagarem pelos aplicativos. Diante da ausência de um modelo de negócio consolidado para a internet essa alternativa pode vir a ganhar força e vingar. Mas por enquanto isso é um sonho apenas.

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