9 de janeiro de 2011

Livros Eletrônicos

publicado no portal da annaramalho.com.br
Qua, 02 de Fevereiro de 2011 14:49 Aleluia, Hildeberto

Um bilhão de dólares, isso mesmo, um bilhão, foi quanto vendeu em livros eletrônicos a indústria editorial americana no ano passado. Somente a Amazon (a maior livraria do mundo) vendeu mais livros digitais que impressos informam eles. Dizem mais, que no primeiro semestre de 2010 para cada cem livros impressos venderam 143 livros digitais. No segundo quando as vendas dispararam foram vendidos 180 livros digitais para cada cem livros impressos. Na noite de Natal o concorrente da Amazon, a gigante Barnes & Noble informou que os consumidores americanos compraram ou fizeram download de um milhão de e-books. O mercado editorial americano planeja um faturamento em livros eletrônicos no ano de 2015 em torno de três bilhões de dólares. Jeff Bezos o fundador da Amazon profetiza o fim do livro impresso e exalta o fato de sua empresa vender um e-book por 9,99 dólares em plena era dos downloads. De olho nesses números e assustadas com as projeções as editoras brasileiras se movimentam. No final do ano que passou um grupo formado pelas editoras Objetiva, Record, Sextante, Intrínseca, Rocco e Planeta (praticamente as maiores) se uniram e criaram a Distribuidora de Livros Digitais (DLD) e almejam um faturamento de 12 milhões de reais para este ano de 2011. Trabalham com a perspectiva de preço 30 por cento mais barato que a edição impressa. É apenas o primeiro golpe que a internet desfecha no setor editorial de livros. Na área de mídia este setor foi um dos últimos a ser atingido. Ninguém acreditava que isso fosse possível. Mas o tiro foi certeiro. Começa a agonizar a indústria do livro impresso.
Facilidade de pesquisa, baixo custo, portabilidade e gratuidade, em alguns casos, são os principais estímulos para o consumo da engenhoca que materializa o livro eletrônico. Também conhecido como e-readers. Ou ainda leitores eletrônicos. Trata-se de um aparelho de leitura digital eletrônica de textos variados, como livros, jornais e algumas páginas da internet, principalmente blogs. Ele poderá ter 1,4 GB de memória e já vem com HD interno e com um modem 3G ou oferece conexão por Wi-Fi para download de conteúdo. Os e-readers usam uma tela que reflete uma luz, “papel eletrônico”, oferecendo conforto na leitura. Essa é a máquina onde cabe o e-book que vem a ser o livro eletrônico, ou livro virtual ou digital. Cabem lá três mil e quinhentos livros no modelo de ponta. Foi inventado em 1971 pelo americano Michael Hart. As vantagens do e-book comparado ao impresso são infinitas, fora a aterradora possibilidade de ouvi-lo ao invés de ler. Basta que se adicione um MP3 com software apropriado e a leitura será convertida em áudio. E você terá o áudio-book.
O mercado brasileiro está inundado de marcas diferentes de e-readers. Cerca de uma dezena estão à venda por aí e algumas poucas já são fabricadas no Brasil. Os preços variam muito desde o mais barato, em torno de 350 reais até o mais caro, por volta de dois mil reais. Enquanto o e-book muda substancialmente a relação do leitor com o livro as relações econômicas das editoras e autores também sofrem mudanças radicais. Segundo levantamento realizado pelo Wall Street Journal um livro de capa dura de 28 dólares rende a metade desse valor para a editora e 15 por cento para o autor, algo em torno de quatro dólares e vinte centavos. Segundo ainda o jornal americano um livro digital é vendido por 12,99 dólares, em média, rendendo 70 por cento à editora e geralmente 25 do valor total, 2,27 dólares para o autor. Este fatura com a venda de um e-book pouco mais da metade do que obteria com a venda de um livro impresso. Segundo Albert Greco, consultor editorial nos Estados Unidos, as vendas de livros impressos tiveram seu auge por lá em 2008 com 1,63 bilhão de unidades vendidas excluindo a área técnica e educativa. Ele estima que essas vendas caíam para 1,47 bilhão este ano de 2011 e para 1,43 bilhão em 2012. Já as vendas dos livros eletrônicos vêm dando saltos olímpicos. Cresciam a uma média de três a cinco por cento até o ano de 2009, evoluíram cerca para 10 por cento em 2010 e atingirão 25 por cento do mercado, ou mais, em 2012. É o que calculam os especialistas. Calculam também que os preços menores dos e-books resultarão em vendas cada vez maiores no futuro. Não esqueça que as vendas na Amazon.com já são quase de dois livros eletrônicos para cada um impresso. Nem tanto pelo aparecimento dos e-books o certo é que todas as grandes livrarias americanas estavam rumando para a concordata. Algumas batiam à porta da falência, como a Barnes & Noble com milhares de lojas pelo país afora. Isso por conta do aparecimento da internet e da crise financeira que assola os Estados Unidos.
Mas se este cenário descrito parece aterrador para o livro impresso prepara-se para o golpe de morte. O gigante Google entrou no negócio com a Google Editions que lança o Google Books. Como tudo no Google é gigantesco, eles acreditam que possuem a maior biblioteca do mundo e anunciam uma parceria com quatro mil editoras americanas disponibilizando, de cara, três milhões de títulos, gratuitos. Esse número é duas vezes maior que o acervo da Amazon e Noble juntas. Eles afirmam que já digitalizaram 15 milhões de livros em quatrocentas línguas diferentes. Prevêem para o ano de 2015 que o número de e-readers nos EUA baterá na casa de 30 milhões de usuários. Não satisfeito o Google através de seu porta-voz afirma que o plano é digitalizar todos os 150 milhões de livros que existem no mundo e torná-los acessíveis aos usuários da sua ferramenta de busca e pesquisa que atrai, diariamente, um bilhão de usuários no mundo todo. Ao contrário das outras livrarias eletrônicas o Google criou um sistema que permite ao usuário comprar o livro de qualquer editora e ler em qualquer aparelho e-readers.
Façam suas apostas senhores!
Aleluia, Hildeberto é jornalista

Um comentário:

  1. Ei, Ale! tudo bem?

    Eu adorei seu artigo sobre e-books e e-readers. Sou uma leitora de carteirinha dos livros eletrônicos. Tenho um kindle e um monte de livros baixados ali. É uma delícia estar num aeroporto, por exemplo, sabendo que vc está portando mil e trezentos livros dentro da bolsa! E a interatividade é muito legal com esses textos eletrônicos - podemos fazer marcação de texto, olhar o significado das palavras no dicionário que está inserido no kindle e fazer anotações de leitura. Tudo fica marcadinho e arquivado para a gente consultar quando precisa. Eu ficava me perguntando se essa cultura eletrônica não nos deixaria menos "táteis", mas vejo que esses recursos de interação conseguem compensar um pouco a falta do cheirinho do papel e a sensação da textura nos dedos. Isso, eu acho, é a única coisa que sentiremos falta em termos da cultura do livro impresso.

    bjs,
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